Como os hormônios influenciam o humor? Uma leitura laboratorial do comportamento

Descubra como os hormônios influenciam diretamente o humor e o comportamento humano. Entenda como exames laboratoriais ajudam no diagnóstico de alterações emocionais com base na biomedicina.

HORMÔNIOS E VITAMINAS

Ariéu Azevedo Moraes

5/11/20254 min ler

Analista em frente a uma tela analisando uma imagem
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Como os hormônios influenciam o humor? Uma leitura laboratorial do comportamento

Mudanças de humor, oscilações emocionais e até quadros de depressão ou ansiedade podem ter, entre suas causas, alterações hormonais. O corpo humano funciona como uma rede interligada, e os hormônios são mensageiros químicos fundamentais nesse processo. Quando esses mensageiros estão em desequilíbrio, o reflexo não é apenas físico: o comportamento, as emoções e o humor também são afetados.

Neste artigo, você vai descobrir como os hormônios afetam o humor, quais são os principais exames laboratoriais usados para investigar alterações hormonais e de que forma a biomedicina contribui para um olhar mais completo sobre o comportamento humano.

O que são hormônios e qual sua relação com o humor?

Os hormônios são substâncias químicas produzidas por glândulas endócrinas que atuam em órgãos-alvo, regulando diversas funções biológicas. Dentre essas funções, estão o metabolismo, o crescimento, o sono, o apetite sexual e o comportamento emocional.

Alterações hormonais impactam diretamente neurotransmissores como serotonina, dopamina e noradrenalina, responsáveis pela sensação de bem-estar, motivação e estabilidade emocional. É por isso que distúrbios hormonais frequentemente se manifestam com sintomas psíquicos antes mesmo de sinais físicos.

Principais hormônios que influenciam o humor

1. Cortisol

Conhecido como o "hormônio do estresse", o cortisol é produzido pelas glândulas suprarrenais. Níveis elevados de forma crônica podem causar:

  • Irritabilidade;

  • Ansiedade;

  • Insônia;

  • Baixa imunidade.

Por outro lado, níveis muito baixos (como na insuficiência adrenal) podem causar fadiga intensa, apatia e depressão.

Exame laboratorial: cortisol sérico (matinal e vespertino), teste de supressão com dexametasona.

2. Hormônios tireoidianos (TSH, T3 e T4)

Tanto o hipotireoidismo quanto o hipertireoidismo afetam o humor. O primeiro está associado a sintomas como lentidão, tristeza e falta de energia, enquanto o segundo pode causar agitação, irritabilidade e insônia.

Exames laboratoriais: TSH, T4 livre, T3 total/livre.

3. Estrogênio e progesterona

Nas mulheres, os ciclos hormonais influenciam diretamente o humor. A oscilação desses hormônios durante o ciclo menstrual pode causar sintomas como:

  • Alterações de humor;

  • Choro fácil;

  • Irritabilidade (como na TPM);

  • Transtornos do humor relacionados ao ciclo (como a disforia pré-menstrual).

Esses efeitos também são observados em fases como puerpério, menopausa ou uso de anticoncepcionais hormonais.

Exames laboratoriais: estradiol, progesterona, perfil hormonal do ciclo menstrual.

4. Testosterona

Nos homens, a testosterona é fundamental para a libido, energia, concentração e estabilidade emocional. A andropausa (queda da testosterona) pode causar sintomas como:

  • Cansaço excessivo;

  • Falta de motivação;

  • Tristeza persistente;

  • Irritabilidade.

Exames laboratoriais: testosterona total e livre, SHBG (globulina ligadora de hormônios sexuais).

5. Insulina e hormônios do metabolismo

Alterações na insulina, glicemia e resistência insulínica podem impactar o humor por meio de hipoglicemias reativas, que geram ansiedade, tonturas, irritabilidade e confusão mental.

Exames laboratoriais: glicemia em jejum, insulina, HOMA-IR, hemoglobina glicada.

Hormônios e transtornos psiquiátricos

Diversos estudos apontam que transtornos como depressão, transtorno bipolar e transtornos de ansiedade podem ter origem (ou agravamento) em alterações hormonais. Por isso, é comum que psiquiatras solicitem exames laboratoriais para excluir causas endócrinas antes de iniciar tratamentos medicamentosos.

Além disso, alterações hormonais podem potencializar sintomas psiquiátricos já existentes. Por exemplo:

  • Mulheres com depressão podem piorar seus sintomas no período pré-menstrual;

  • Pacientes com distúrbios da tireoide podem apresentar quadros depressivos refratários a antidepressivos convencionais.

O olhar da biomedicina sobre o comportamento

O papel do biomédico nas análises clínicas vai além da detecção de doenças físicas. Avaliar o perfil hormonal de um paciente permite compreender aspectos emocionais que, muitas vezes, não são verbalizados. Isso reforça a importância de um diagnóstico laboratorial preciso e contextualizado.

De acordo com Ariéu Azevedo Moraes, biomédico com atuação em gestão laboratorial, "os exames hormonais são pontes entre a clínica e a emoção. Saber interpretá-los com sensibilidade é contribuir não apenas para a saúde física, mas para o bem-estar mental do paciente".

Integração entre laboratórios e saúde mental

Cada vez mais, os laboratórios têm buscado integrar seus serviços a clínicas de saúde mental e endocrinologia. Essa parceria permite:

  • Avaliações multidisciplinares;

  • Redução de diagnósticos errôneos;

  • Abordagem preventiva para transtornos hormonais e comportamentais.

Além disso, o avanço de painéis hormonais personalizados e de tecnologias como o mapeamento genético tem ampliado o alcance das análises clínicas para além da doença — ajudando também a compreender o comportamento humano sob a ótica da biologia.

Considerações finais

O humor humano é influenciado por múltiplos fatores, e os hormônios ocupam um papel central nessa dinâmica. Alterações hormonais podem ser causa ou consequência de desequilíbrios emocionais. Reconhecer isso é essencial para uma medicina mais humana, integrativa e baseada em evidências.

A biomedicina laboratorial oferece ferramentas valiosas para identificar esses desequilíbrios e, assim, contribuir com diagnósticos mais completos, tratamentos mais eficazes e, sobretudo, com o cuidado integral do paciente.

Referências

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