Infarto detectado pela saliva: a inovação da Unicamp que pode transformar o diagnóstico de urgência

A Unicamp desenvolveu um biossensor capaz de detectar marcadores de infarto usando saliva, sem coleta sanguínea. Entenda como funciona a detecção de infarto pelo smartphone e como isso pode mudar a urgência e o pronto atendimento.

ATUALIDADESMAIS CLICADOSBIOLOGIA MOLECULAR E BIOTECNOLOGIABIOQUÍMICA

Ariéu Azevedo Moraes

7/14/20253 min ler

Medidor de Infarto pela saliva
Medidor de Infarto pela saliva

Detecção de Infarto Pela Saliva: A Inovação da Unicamp que Pode Mudar o Diagnóstico de Urgência

Sim — já existe pesquisa mostrando que é possível detectar marcadores de infarto pela saliva. Pesquisadores da Unicamp desenvolveram um biossensor portátil capaz de identificar proteínas cardíacas sem coleta sanguínea, usando apenas uma gota de saliva. Essa proposta reduz tempo de diagnóstico e abre portas para testagem em campo — UTIs, ambulâncias, prontos atendimentos e até locais com pouca estrutura laboratorial.

Esse biossensor eletroquímico conectado ao smartphone traz um novo modelo para medicina de urgência: diagnóstico rápido, não invasivo e com potencial de triagem pré-hospitalar.

Como funciona o biossensor de saliva?

Desenvolvido por Lucas Felipe de Lima, doutorando do Instituto de Química da Unicamp, o biossensor foi inicialmente projetado para detectar creatina quinase (CK), enzima liberada na corrente sanguínea durante lesões musculares e infarto. Com os avanços do projeto, o dispositivo também passou a identificar a troponina, biomarcador de excelência para diagnosticar infarto agudo do miocárdio.

A tecnologia é simples, mas eficaz: o paciente fornece uma amostra de saliva, que é aplicada em um sensor descartável. Esse sensor é acoplado a um potenciostato portátil, o qual transmite os dados eletroquímicos para um aplicativo de celular. Em questão de minutos, o resultado aparece na tela, com base na concentração dos biomarcadores detectados.

O diferencial do equipamento está na alta sensibilidade mesmo em concentrações muito baixas, permitindo o uso para triagem rápida em farmácias, ambulatórios, UPAs e até domícilios.

Uma mudança na forma de pensar a urgência

A medicina laboratorial caminha para um modelo descentralizado, acessível e humanizado. Diagnosticar um infarto por saliva evita agulhas, reduz tempo de atendimento e permite que populações mais vulneráveis recebam atendimento eficaz.

Segundo Ariéu Azevedo Moraes, biomédico e especialista em análises clínicas, "essa tecnologia inaugura uma nova era, onde o conhecimento biomédico se alinha à inovação para gerar impacto direto na vida das pessoas, mesmo fora dos grandes centros urbanos".

Expansão para outras aplicações

O dispositivo da Unicamp também vem sendo testado para outros biomarcadores na saliva, como:

  • Glicose, para monitoramento do diabetes;

  • Ácido úrico, associado a distúrbios metabólicos como gota;

  • Nitrito e tiocianato, ligados à saúde bucal e exposição ao fumo;

  • Antígenos virais, como os da Covid-19, herpes e mpox.

Isso demonstra o potencial da saliva como fluido biológico versátil e subutilizado.

O que está acontecendo fora do Brasil?

Pesquisadores da Colorado State University e da Griffith University também desenvolveram biossensores salivar para detectar Galectin‑3 e S100A7, associados à insuficiência cardíaca. Esses testes têm custo inferior a US$ 3 e resultados em 15 a 20 minutos.

A tendência é clara: a saliva desponta como protagonista entre os fluidos para diagnósticos rápidos e menos invasivos.

Benefícios clínicos e sociais

Imagine um paciente com dor torácica em uma cidade do interior, longe de um hospital com estrutura laboratorial. O uso de um biossensor salivar pode antecipar o atendimento, priorizar o encaminhamento e salvar vidas ao eliminar minutos preciosos de espera.

Entre os principais benefícios da tecnologia:

  • Dispensa coleta venosa;

  • Reduz riscos de contaminação;

  • Exige menos treinamento técnico;

  • Facilita aceitação por populações sensíveis (crianças, idosos, fóbicos);

  • Pode ser usado em farmácias, UPAs e clínicas populares.

Desafios antes da implementação

Embora promissor, o biossensor ainda precisa superar algumas etapas:

  • Validação clínica com diferentes perfis populacionais;

  • Aprovação pela Anvisa;

  • Escalonamento industrial;

  • Treinamento de profissionais de saúde.

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Referências

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