Parasitologia na era moderna: como os exames evoluíram com a tecnologia
Descubra como a parasitologia laboratorial se modernizou com o uso de novas tecnologias, aumentando a precisão no diagnóstico de parasitoses e contribuindo com a saúde pública.
COLETA E PREPAROPARASITOLOGIAATUALIDADESBIOLOGIA MOLECULAR E BIOTECNOLOGIA
Ariéu Azevedo Moraes
5/12/20254 min ler


Parasitologia na era moderna: como os exames evoluíram com a tecnologia
Durante muito tempo, a parasitologia foi vista como uma área rudimentar das análises clínicas, marcada pelo uso intensivo do microscópio e pela necessidade de observação manual detalhada. Apesar de ainda manter esse olhar clínico, a parasitologia evoluiu. Com o avanço da tecnologia laboratorial, a rotina de identificação de parasitas tornou-se mais precisa, ágil e integrada a sistemas de apoio à decisão diagnóstica.
Neste artigo, você vai explorar como os exames parasitológicos se transformaram, quais tecnologias estão sendo utilizadas hoje e de que forma esses avanços impactam a saúde pública, a prática da biomedicina e o diagnóstico clínico de parasitoses.
Parasitologia tradicional: fundamentos e limitações
A parasitologia clássica tem como principal ferramenta o exame parasitológico de fezes (EPF). Esse exame visa detectar a presença de ovos, cistos, larvas ou trofozoítos de parasitas intestinais. Ele é fundamental em regiões com condições sanitárias precárias ou populações vulneráveis, como crianças em idade escolar.
As técnicas mais utilizadas incluem:
Sedimentação espontânea (Lutz): método simples e econômico, baseado na gravidade para separar elementos parasitários das fezes.
Flutuação (Faust): utiliza soluções hiperdensas para isolar cistos e ovos.
Método de Kato-Katz: útil para quantificação de ovos de helmintos em campanhas de saúde pública.
Fita gomada (Graham): indicado para o diagnóstico de Enterobius vermicularis (oxiúros).
Essas técnicas são eficazes, mas dependem fortemente da experiência do analista. A variabilidade interobservador, a necessidade de coleta em múltiplas amostras e a baixa sensibilidade em infecções leves ainda são limitações enfrentadas.
Evolução tecnológica e inovações na parasitologia
1. Digitalização e análise automatizada
A integração da tecnologia digital na leitura de lâminas parasitológicas representa um dos avanços mais significativos. Sistemas de escaneamento e inteligência artificial estão sendo desenvolvidos para auxiliar na identificação automatizada de estruturas parasitárias. Equipamentos como o AIPathway™ utilizam algoritmos treinados para reconhecer padrões específicos de ovos e cistos.
Isso permite:
Redução do tempo de leitura;
Aumento da padronização dos resultados;
Otimização da rotina laboratorial em grandes volumes.
2. Testes imunológicos e rápidos
Os imunoensaios vieram para complementar os métodos convencionais, especialmente na triagem rápida de pacientes em ambulatórios, hospitais ou surtos epidêmicos. Testes imunocromatográficos detectam antígenos de parasitas como:
Giardia lamblia;
Cryptosporidium spp.;
Entamoeba histolytica/dispar.
Esses testes são simples, rápidos (resultados em até 20 minutos) e não requerem microscopia, o que os torna ideais para locais com infraestrutura reduzida.
3. Biologia molecular e PCR
A biologia molecular revolucionou a parasitologia ao permitir a detecção direta do material genético dos parasitas. A técnica de PCR (Reação em Cadeia da Polimerase), incluindo a qPCR (quantitativa), vem sendo aplicada para identificar parasitas com sensibilidade e especificidade superiores aos métodos tradicionais.
É possível:
Diferenciar espécies morfologicamente semelhantes, como Entamoeba histolytica x E. dispar;
Detectar infecções com carga parasitária baixa;
Monitorar casos de toxoplasmose congênita;
Realizar painéis multiplex para várias espécies simultaneamente.
Em centros de pesquisa, o uso do sequenciamento de nova geração (NGS) está em crescimento, permitindo o estudo genético aprofundado de cepas parasitárias e sua resistência a fármacos.
Impactos positivos no diagnóstico e na saúde pública
O uso de tecnologias avançadas possibilitou a detecção mais precoce e precisa de parasitoses, o que é essencial para reduzir complicações clínicas e evitar a disseminação em comunidades.
Nos sistemas de saúde pública, os exames mais sensíveis possibilitam:
Ações mais efetivas em campanhas de desparasitação;
Identificação de surtos e monitoramento de regiões endêmicas;
Integração com bancos de dados georreferenciados para ações de controle.
Esses avanços reforçam o papel estratégico da parasitologia moderna como ferramenta de vigilância epidemiológica.
O biomédico e o futuro da parasitologia
O profissional de biomedicina que atua na parasitologia precisa hoje dominar uma ampla gama de conhecimentos: desde a morfologia clássica até técnicas de biologia molecular e interpretação de testes rápidos.
Além disso, é fundamental desenvolver habilidades com plataformas digitais, softwares de leitura automatizada e sistemas de informação laboratorial. O perfil ideal é o de um biomédico versátil, com pensamento crítico e atualização constante.
Para Ariéu Azevedo Moraes, biomédico e especialista em gestão laboratorial, "a parasitologia está longe de ser uma ciência do passado. Ela se moderniza junto com o laboratório clínico e segue essencial, especialmente em um país com grandes desigualdades sanitárias como o Brasil".
Desafios e perspectivas
Apesar dos avanços, o acesso desigual à tecnologia ainda é um desafio. Muitos laboratórios públicos e privados de pequeno porte ainda dependem exclusivamente dos métodos clássicos, o que torna essencial investir em capacitação e parcerias com centros de referência.
A tendência futura inclui:
Integração entre exames parasitológicos, microbiológicos e moleculares em painéis únicos;
Uso de aplicativos móveis para apoio ao diagnóstico em campo;
Expansão do uso da IA para validação automatizada de laudos.
Considerações finais
A parasitologia laboratorial é uma ciência em constante transformação. O uso de tecnologias como PCR, testes rápidos e sistemas digitais eleva a qualidade do diagnóstico, reduz o tempo de resposta e amplia a efetividade do controle de doenças parasitárias.
Para os profissionais da saúde, sobretudo os da área de análises clínicas, a atualização contínua é essencial para acompanhar essa evolução. E para a população, o maior beneficiado é o paciente: que recebe diagnósticos mais confiáveis e tratamentos mais eficazes.
Referências
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