Exame VHS: O que é, valores normais e quando se preocupar
Descubra o que é a Velocidade de Hemossedimentação (VHS), para que serve, valores de referência, quando se preocupar e como ela se diferencia da PCR no diagnóstico de inflamações.
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Ariéu Azevedo Moraes
4/9/20256 min ler


Velocidade de Hemossedimentação (VHS): O Que é, Para Que Serve e Quando se Preocupar
Você já passou pela experiência de sentir febre persistente, dores articulares ou um mal-estar que simplesmente não passa? Nesses casos, é comum que o médico solicite alguns exames de sangue para entender o que está acontecendo. Entre eles, pode estar a Velocidade de Hemossedimentação (VHS). Apesar de ser um dos exames mais antigos utilizados para avaliar inflamações, muitas pessoas ainda não sabem exatamente o que ele significa.
Neste artigo, vamos explorar em profundidade o que a VHS pode revelar sobre sua saúde, como ela funciona, quais doenças podem alterar seus valores e qual a relação dela com outro marcador inflamatório muito importante: a Proteína C Reativa (PCR).
O que é a Velocidade de Hemossedimentação (VHS)?
A VHS, também conhecida como taxa de sedimentação de eritrócitos, é um exame laboratorial que mede quanto tempo os glóbulos vermelhos levam para se depositar no fundo de um tubo de ensaio em repouso durante uma hora.
Esse processo é influenciado por proteínas que aumentam em situações de inflamação, como o fibrinogênio. Quando há um processo inflamatório no corpo, essas proteínas fazem com que os glóbulos vermelhos se agrupem e desçam mais rapidamente. Em outras palavras: quanto mais rápida a sedimentação, maior a probabilidade de existir inflamação ativa no organismo.
A Velocidade de Hemossedimentação (VHS) é um exame de sangue que mede a rapidez com que os glóbulos vermelhos sedimentam em uma hora. Valores elevados indicam inflamação, mas não identificam a causa. Saiba quando a VHS preocupa e como se relaciona com a PCR.
Para que serve o exame de VHS?
É importante destacar que a VHS não é capaz de identificar qual doença a pessoa tem. Ela funciona como um marcador inespecífico de inflamação, ou seja, aponta que algo está acontecendo, mas não diz exatamente o quê. Por isso, raramente é pedida de forma isolada. Na maioria dos casos, aparece acompanhada de outros exames, como o hemograma e a PCR.
As principais utilidades da VHS incluem:
Avaliar processos inflamatórios que podem ser agudos (de início rápido) ou crônicos (de longa duração).
Monitorar a evolução de doenças autoimunes, como lúpus eritematoso sistêmico e artrite reumatoide.
Investigar a presença de infecções de causa desconhecida.
Acompanhar a resposta ao tratamento em pacientes já diagnosticados.
Investigar sintomas persistentes, como febre de longa duração ou fadiga sem explicação aparente.
Essa versatilidade ajuda a entender por que a VHS continua sendo tão utilizada, mesmo com o avanço de exames mais modernos e específicos.
Quais doenças podem aumentar a VHS?
A elevação da VHS pode estar associada a diferentes condições clínicas. Entre elas:
Doenças autoimunes, como lúpus, artrite reumatoide e vasculites.
Infecções bacterianas, virais ou fúngicas.
Cânceres hematológicos, como linfomas e mieloma múltiplo.
Doenças inflamatórias intestinais, como Doença de Crohn e retocolite ulcerativa.
Tuberculose e outras infecções crônicas.
Distúrbios renais ou hepáticos de evolução prolongada.
É fundamental ressaltar que a VHS não confirma diagnóstico. Ela apenas aponta a necessidade de investigar mais a fundo. Muitas vezes, um resultado elevado leva o médico a solicitar exames complementares para descobrir a real causa da inflamação.
Como é feito o exame de VHS?
O exame é simples, rápido e pouco invasivo. O processo acontece da seguinte forma:
Coleta-se uma amostra de sangue venoso, geralmente do braço.
Essa amostra é colocada em um tubo vertical com anticoagulante.
O tubo permanece em repouso durante uma hora.
Mede-se, em milímetros, o quanto os glóbulos vermelhos sedimentaram nesse tempo.
Existem dois métodos reconhecidos para essa medição:
Método de Westergren, que é o mais utilizado, mais sensível e recomendado mundialmente.
Método de Wintrobe, menos usado atualmente por apresentar menor sensibilidade.
Graças à padronização do método de Westergren, é possível comparar resultados de diferentes laboratórios com mais segurança.
Quais são os valores de referência da VHS?
Embora possam variar de acordo com idade, sexo e até mesmo metodologia, em linhas gerais, os valores considerados normais são:
Homens com menos de 50 anos: até 15 mm/h.
Homens com mais de 50 anos: até 20 mm/h.
Mulheres com menos de 50 anos: até 20 mm/h.
Mulheres com mais de 50 anos: até 30 mm/h.
Crianças: até 10 mm/h.
Valores acima desses limites sugerem a presença de inflamação, mas é essencial lembrar que não indicam automaticamente algo grave. A interpretação deve ser feita dentro do contexto clínico do paciente.
Quais fatores podem alterar a VHS sem relação com doença?
Um dos pontos que tornam a VHS menos específica é justamente a influência de fatores fisiológicos e externos. Isso significa que a taxa pode estar alterada mesmo sem a presença de uma doença grave.
Entre os principais fatores que modificam a VHS estão:
Gravidez.
Período menstrual.
Presença de anemia.
Obesidade.
Uso de medicamentos como contraceptivos orais e corticoides.
Idade avançada.
Esses aspectos reforçam por que o exame não deve ser analisado de forma isolada, mas sempre em conjunto com outros marcadores e avaliação médica detalhada.
Diferença entre VHS e PCR
Tanto a VHS quanto a Proteína C Reativa (PCR) são exames utilizados para avaliar inflamações, mas existem diferenças marcantes entre eles.
A VHS:
Responde mais lentamente às alterações inflamatórias, podendo levar dias para se elevar.
É menos específica, pois sofre interferência de fatores fisiológicos, como idade ou uso de medicamentos.
Continua útil em situações crônicas, especialmente no acompanhamento de doenças inflamatórias prolongadas.
A PCR:
Tem resposta rápida, aumentando em poucas horas diante de uma inflamação aguda.
É mais específica, pois sofre menos influência de outros fatores.
É considerada mais confiável para detectar inflamações agudas e monitorar a intensidade do processo inflamatório.
👉 Em resumo: a PCR é mais precisa, mas a VHS ainda ocupa espaço importante, principalmente em doenças crônicas e quando usada em associação com outros exames.
📌 Quer entender melhor o papel da PCR e como ela complementa a VHS? Leia nosso artigo completo sobre Proteína C Reativa (PCR) e inflamação.
Quando se preocupar com VHS alta?
Ter uma VHS elevada nem sempre é motivo de alarme imediato, mas alguns cenários merecem atenção especial:
Quando a elevação é persistente ao longo de exames repetidos.
Quando o aumento está associado a sintomas como febre, cansaço, perda de peso ou dores articulares.
Quando há histórico familiar de doenças autoimunes ou inflamatórias.
Quando a alteração aparece junto de outros exames, como PCR ou hemograma.
Nessas situações, o médico pode solicitar exames adicionais, como radiografias, tomografias, ressonância magnética ou até mesmo biópsias, dependendo do quadro clínico.
A VHS na prática clínica
Apesar de suas limitações, a VHS ainda é muito utilizada na prática médica, principalmente porque é barata, simples de realizar e fornece informações valiosas quando interpretada corretamente.
Ela tem papel relevante em situações como:
Artrite reumatoide: valores altos podem indicar atividade inflamatória.
Tuberculose: a queda progressiva da VHS pode sinalizar resposta positiva ao tratamento.
Febres de origem obscura: ajuda a indicar a necessidade de investigação mais profunda.
Avaliação em idosos: quando há sintomas inespecíficos como fraqueza e perda de peso, pode ser um indício inicial de inflamação ou infecção.
Por esses motivos, mesmo em tempos de exames sofisticados, a VHS continua a ser solicitada rotineiramente em laboratórios.
Considerações finais
A Velocidade de Hemossedimentação (VHS) é um exame clássico, que mesmo após décadas de uso mantém relevância na medicina laboratorial. Apesar de não ser específico para nenhuma doença, seu papel como marcador de inflamação sistêmica é indiscutível.
Ao ser interpretada junto com outros exames, como a Proteína C Reativa (PCR) e o hemograma, a VHS ganha ainda mais utilidade, ajudando médicos a monitorar doenças crônicas, investigar infecções e avaliar respostas a tratamentos.
Se o seu médico solicitou esse exame, saiba que ele está em busca de pistas importantes sobre sua saúde. A interpretação dos resultados deve sempre ser feita dentro do contexto clínico, associando sintomas, histórico e demais exames laboratoriais.
👉 Quer continuar aprendendo sobre marcadores inflamatórios? Leia também nosso artigo completo sobre Proteína C Reativa (PCR) e descubra como ela se diferencia da VHS no diagnóstico das inflamações.
🔬 Por Ariéu Azevedo Moraes
Biomédico e fundador da Pipeta e Pesquisa, com a missão de descomplicar as análises clínicas e aproximar ciência e saúde do seu dia a dia.
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