Distúrbios Hidroeletrolíticos: O Que Você Precisa Saber Sobre Sódio, Potássio, Cálcio e Magnésio

Entenda o que são eletrólitos, qual a importância de sódio, potássio, cálcio e magnésio para a saúde, como seus desequilíbrios aparecem nos exames laboratoriais e o que fazer para manter o equilíbrio hidroeletrolítico.

BIOQUÍMICA

Ariéu Azevedo Moraes

3/7/20255 min ler

balcão com frutas diversas, fontes de eletrólitos
balcão com frutas diversas, fontes de eletrólitos

Eletrólitos: o que são, importância na saúde e como manter o equilíbrio

Você já reparou como muitos sintomas do dia a dia — cansaço extremo, câimbras, arritmias, tonturas, confusão mental — às vezes “não fecham” apenas com hemograma e glicemia? Em muitos desses casos, a resposta está em um grupo de substâncias discretas, mas fundamentais: os eletrólitos.

Sódio, potássio, cálcio e magnésio participam de praticamente tudo o que mantém o corpo em funcionamento: transmissão de impulsos nervosos, contração muscular (incluindo o coração), equilíbrio de líquidos, pressão arterial e regulação do pH. Pequenas variações nesses íons podem significar desde uma leve desidratação até quadros graves, como arritmias potencialmente fatais ou crises convulsivas.

Do ponto de vista das análises clínicas, a avaliação dos eletrólitos é peça central em emergências, internações, acompanhamento de doenças crônicas (como insuficiência cardíaca e renal) e na interpretação de distúrbios ácido-base. Entender o que são, por que são tão importantes e como manter o equilíbrio hidroeletrolítico é essencial tanto para profissionais da saúde quanto para quem deseja cuidar melhor do próprio organismo.

Neste artigo, vamos explicar de forma clara o que são os eletrólitos, qual o papel de sódio, potássio, cálcio e magnésio na saúde, o que significam seus desequilíbrios nos exames laboratoriais e quais cuidados ajudam a manter esse sistema em equilíbrio.

A função dos principais eletrólitos no organismo

Eletrólitos como sódio, potássio, cálcio e magnésio são íons essenciais para nervos, músculos, pressão arterial e equilíbrio de líquidos. Alterações nos exames podem indicar desde desidratação até distúrbios graves, exigindo atenção na interpretação laboratorial e nos cuidados diários.

  • Sódio (Na⁺): Essencial para a pressão osmótica, o volume de líquidos corporais e a transmissão de impulsos nervosos. O sódio também influencia diretamente na pressão arterial, sendo fundamental para a saúde cardiovascular.

  • Potássio (K⁺): Atua no funcionamento muscular, na atividade elétrica celular e na função cardíaca. Ele age em conjunto com o sódio para manter o potencial de membrana das células.

  • Cálcio (Ca²⁺): Participa da contração muscular, da coagulação sanguínea, da transmissão nervosa e é crucial para a formação e manutenção dos ossos e dentes.

  • Magnésio (Mg²⁺): Menos comentado, mas igualmente importante, o magnésio está envolvido em mais de 300 reações bioquímicas, incluindo a síntese de proteínas, controle da pressão arterial, atividade enzimática e função neuromuscular.

Valores de referência dos eletrólitos

A dosagem dos eletrólitos é realizada por meio de exames laboratoriais simples, como a análise do soro sanguíneo. A interpretação dos resultados deve considerar idade, sexo e condições clínicas específicas. Os valores de referência mais utilizados na prática da biomedicina são:

  • Sódio: 135 a 145 mEq/L

  • Potássio: 3,5 a 5,0 mEq/L

  • Cálcio total: 8,5 a 10,5 mg/dL

  • Magnésio: 1,7 a 2,2 mg/dL

Alterações nesses parâmetros podem indicar distúrbios metabólicos, doenças renais, cardiovasculares ou hormonais. O papel dos profissionais de saúde e laboratórios é essencial na detecção precoce desses desequilíbrios e no acompanhamento terapêutico.

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Desequilíbrios eletrolíticos: causas e consequências

Alterações nos níveis de eletrólitos são chamadas de distúrbios eletrolíticos e podem trazer consequências graves à saúde.

Sódio

  • Hipernatremia (↑): Provoca desidratação celular, hipertensão, irritabilidade e, em casos severos, risco de acidente vascular cerebral (AVC).

  • Hiponatremia (↓): Pode causar edema cerebral, confusão mental, náuseas e convulsões.

Potássio

  • Hipocalemia (↓): Leva a fraqueza muscular, câimbras, arritmias cardíacas e até paralisia.

  • Hiperpotassemia (↑): É potencialmente fatal, podendo causar parada cardíaca.

Cálcio

  • Hipocalcemia (↓): Manifesta-se com espasmos musculares, formigamentos, arritmias e alterações neurológicas.

  • Hipercalcemia (↑): Pode gerar fraqueza, confusão, náuseas, além de aumentar o risco de cálculos renais.

Magnésio

  • Hipomagnesemia (↓): Relaciona-se a tremores, irritabilidade, depressão, alterações neuromusculares e complicações cardíacas.

  • Hipermagnesemia (↑): Menos comum, mas pode causar queda da pressão arterial, fraqueza e depressão respiratória.

Esses quadros clínicos exigem intervenção rápida, muitas vezes com suplementação intravenosa ou modificação na dieta e medicamentos. Por isso, o acompanhamento regular por exames laboratoriais é fundamental.

Fontes alimentares de eletrólitos

Uma alimentação saudável e balanceada é a melhor forma de manter os níveis de eletrólitos estáveis. Veja abaixo alguns alimentos ricos em cada um deles:

  • Sódio: Presente em sal de cozinha, alimentos industrializados, conservas e embutidos. Deve ser consumido com moderação para prevenir hipertensão e doenças cardiovasculares.

  • Potássio: Encontrado em banana, laranja, abacate, batata-doce, espinafre e água de coco. Ajuda na função muscular e no equilíbrio da pressão arterial.

  • Cálcio: Abundante em leite e derivados, couve, brócolis, sardinha, tofu e bebidas vegetais fortificadas. Essencial para ossos e dentes saudáveis.

  • Magnésio: Presente em castanhas, sementes (chia, abóbora), grãos integrais, leguminosas e cacau em pó. Atua no controle do estresse, metabolismo energético e função cardíaca.

A importância do equilíbrio eletrolítico para a saúde

Manter o equilíbrio dos eletrólitos no organismo é essencial para garantir:

  • Hidratação adequada

  • Função neuromuscular e cardíaca

  • Regulação da pressão arterial

  • Prevenção de distúrbios metabólicos

Pacientes hospitalizados, atletas, pessoas com doenças crônicas ou que fazem uso de diuréticos devem ter atenção redobrada. Nesses casos, o monitoramento frequente dos eletrólitos, por meio de exames laboratoriais, permite ajustes precoces e evita complicações.

Considerações finais

Os eletrólitos são componentes fundamentais para a homeostase corporal, estando diretamente relacionados à saúde cardiovascular, neuromuscular e renal. Distúrbios em seus níveis podem ter repercussões clínicas importantes e exigem intervenção profissional. Por isso, a combinação entre alimentação balanceada, hidratação adequada e acompanhamento laboratorial regular é a chave para o equilíbrio eletrolítico e o bem-estar geral.

✍️ Texto escrito por Ariéu Azevedo Moraes, Biomédico e fundador da Pipeta e Pesquisa.
💚 Aqui, descomplicamos as análises clínicas e valorizamos o papel do laboratório na construção de uma saúde mais precisa, humana e baseada em evidências.

Referências

  1. National Institutes of Health (NIH) - Potassium Fact Sheet for Health Professionals

  2. National Institutes of Health (NIH) - Magnesium Fact Sheet for Health Professionals

  3. Sociedade Brasileira de Patologia Clínica – Exames laboratoriais: eletrólitos

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