Exames Laboratoriais em Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs): Detecção, Diagnóstico e Prevenção
Conheça os principais exames laboratoriais para ISTs, como sífilis, HIV, clamídia e gonorreia. Entenda métodos sorológicos e moleculares, quando solicitar e como o diagnóstico precoce ajuda na prevenção.
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Ariéu Azevedo Moraes
5/8/20255 min ler


Muitas ISTs começam com sinais discretos — e algumas nem chegam a dar sinais.
A história de Lucas, 26 anos, ilustra bem esse risco silencioso. Tudo começou com dor ao urinar. Por vergonha ou por achar que “passaria sozinho”, ele adiou a consulta. Quando procurou atendimento, o diagnóstico confirmou uma infecção por clamídia, uma das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) mais comuns entre adultos jovens.
Casos como o de Lucas não são exceção. Milhões de pessoas convivem com ISTs sem saber, seja por sintomas inespecíficos, seja pela ausência total de manifestações clínicas. Esse atraso no diagnóstico favorece complicações, amplia a transmissão para parceiros e dificulta estratégias de controle em saúde pública.
É aqui que os exames laboratoriais assumem papel decisivo. Testes sorológicos, moleculares e microbiológicos permitem detectar infecções precocemente, direcionar o tratamento correto e interromper cadeias de transmissão — com impacto direto na prevenção de infertilidade, doença inflamatória pélvica, complicações neonatais e outras consequências evitáveis.
Neste artigo, vamos explorar os principais exames laboratoriais utilizados na investigação de ISTs, com foco em sífilis, HIV, hepatites virais, clamídia, gonorreia e outras infecções relevantes, além de contextualizar quando solicitar cada método na prática clínica.
O que são ISTs e por que é importante diagnosticá-las precocemente?
As ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis) são causadas por diferentes agentes, como bactérias, vírus e protozoários. Elas são transmitidas, principalmente, por contato sexual sem preservativo. Muitas vezes, são assintomáticas ou apresentam sinais inespecíficos, o que torna os exames laboratoriais essenciais para o diagnóstico.
O diagnóstico precoce:
Evita a evolução para formas graves (como neurossífilis ou cirrose hepática por hepatite B).
Reduz a transmissão para outras pessoas.
Permite o tratamento adequado e gratuito pelo SUS.
Contribui para o controle epidemiológico de doenças.
Principais exames laboratoriais para ISTs
1. Sífilis
A sífilis é uma infecção causada pela bactéria Treponema pallidum, e seu diagnóstico envolve testes não treponêmicos e testes treponêmicos:
VDRL (Venereal Disease Research Laboratory): exame não treponêmico usado para triagem e monitoramento de tratamento. Pode apresentar falso-positivo em outras condições.
FTA-Abs (Fluorescent Treponemal Antibody Absorption): teste treponêmico confirmatório.
Teste rápido para sífilis: utilizado em campanhas e na atenção primária à saúde, com resultado em até 30 minutos.
Recomendado para: gestantes (em todos os trimestres), pessoas com múltiplos parceiros, casos de úlcera genital ou contato com pessoas infectadas.
2. HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana)
O diagnóstico laboratorial do HIV evoluiu muito nos últimos anos. Os principais exames incluem:
Teste rápido imunocromatográfico: triagem inicial com resultado em 20 minutos.
ELISA de 4ª geração: detecta anticorpos anti-HIV e o antígeno p24.
Western Blot ou imunoblot: teste confirmatório (em desuso em algumas regiões).
Carga viral (PCR quantitativo): avalia o número de cópias do vírus no sangue.
CD4/CD8: importante para monitoramento da imunidade.
Recomendado para: populações-chave, parceiros sorodiscordantes, gestantes, doadores de sangue e em casos de exposição ocupacional.
3. Clamídia e gonorreia
Ambas são causadas por bactérias (Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae) e muitas vezes são assintomáticas.
PCR (Reação em Cadeia da Polimerase): exame molecular altamente sensível, feito com amostras de urina ou swab uretral/vaginal.
Cultura bacteriana (para gonorreia): pode ser usada, mas é menos sensível e mais demorada.
Gram (em casos sintomáticos): identifica diplococos intracelulares no esfregaço uretral.
Recomendado para: gestantes, pessoas com sintomas urinários ou corrimento genital, vítimas de violência sexual e parceiros de pessoas infectadas.
4. Hepatites virais (B e C)
As hepatites B e C podem evoluir para cirrose e câncer hepático. Por isso, sua detecção é uma prioridade em saúde pública.
HBsAg, Anti-HBs, Anti-HBc IgG e IgM: marcadores sorológicos usados na triagem da hepatite B.
Anti-HCV: para hepatite C (triagem).
PCR para HBV ou HCV: detecta e quantifica a carga viral.
Teste rápido (HBV e HCV): disponíveis em unidades do SUS.
Recomendado para: gestantes, profissionais da saúde, usuários de drogas injetáveis, pessoas vivendo com HIV.
5. Herpes simples (HSV-1 e HSV-2)
O diagnóstico do herpes genital é, na maioria das vezes, clínico, mas exames podem ser solicitados em casos atípicos:
PCR (material da lesão): altamente sensível.
Sorologia IgG/IgM para HSV-1 e HSV-2: útil para triagem em casais com desejo reprodutivo.
Como são feitas as coletas para ISTs?
Sangue: para testes sorológicos como HIV, hepatites e sífilis.
Urina: ideal para PCR de clamídia e gonorreia, especialmente em homens.
Secreção vaginal, cervical ou uretral: usada para culturas, Gram e PCR.
Material de úlcera ou lesão: para herpes, sífilis ou cancroide.
Swab anal e oral: indicado em contextos específicos, especialmente para PCR.
Quando solicitar exames de IST?
Presença de sintomas como corrimento, dor pélvica ou feridas genitais.
Parceiro com diagnóstico confirmado.
Situações de risco (relação desprotegida, múltiplos parceiros).
Pré-natal (gestantes devem ser testadas para HIV, sífilis, hepatite B e C).
Avaliação de fertilidade e planejamento reprodutivo.
Check-ups periódicos para populações vulneráveis (LGBTQIA+, trabalhadores do sexo, usuários de drogas).
Importância dos exames na saúde pública e na biomedicina
Contribuem para o controle de surtos e campanhas nacionais de prevenção.
Permitem o monitoramento de casos crônicos, como HIV e hepatite B.
Estão integrados a programas como o PEP (profilaxia pós-exposição) e o PrEP (profilaxia pré-exposição).
Fortalecem o papel do biomédico e do laboratório clínico na linha de frente da prevenção.
Resumindo
As infecções sexualmente transmissíveis são um desafio silencioso e constante na saúde pública. Com o avanço dos métodos laboratoriais, é possível detectar precocemente essas infecções, interromper sua cadeia de transmissão e oferecer tratamento adequado aos pacientes.
O papel do laboratório é essencial nessa missão. Exames rápidos, precisos e acessíveis fazem a diferença entre o controle e o agravamento de uma IST. Cabe aos profissionais da saúde — especialmente os da área de análises clínicas — disseminar conhecimento, acolher o paciente e garantir um diagnóstico de qualidade.
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