LDH: o que o exame revela sobre inflamação, necrose e câncer
Descubra o que é LDH (lactato desidrogenase), como interpretar seus níveis no sangue e sua importância como marcador de necrose, inflamação e câncer. Saiba o que ele revela em casos de COVID-19, infarto, hemólise e linfomas.
BIOQUÍMICA
Ariéu Azevedo Moraes
10/19/20255 min ler


LDH: o que o exame revela sobre inflamação, necrose e câncer
Quando o corpo pede socorro em silêncio: a história de Tereza
Tereza, 64 anos, sempre foi ativa. Em poucos meses, passou a sentir cansaço extremo e uma perda de peso inexplicável. Os exames de rotina mostraram apenas uma anemia discreta. Mas um resultado chamou atenção: a LDH estava muito elevada. A partir desse sinal silencioso, o médico investigou mais a fundo e chegou ao diagnóstico de linfoma não-Hodgkin. Foi o início de uma nova fase, com tratamento, acompanhamento e esperança.
A história de Tereza mostra como um marcador simples pode apontar doenças ocultas, quando interpretado no contexto certo.
O que é a LDH?
A lactato desidrogenase (LDH) é uma enzima intracelular envolvida no metabolismo energético, especialmente na conversão de lactato em piruvato e vice-versa. Está presente em praticamente todas as células do organismo.
Quando há lesão celular, essa enzima é liberada na corrente sanguínea. Por isso, a LDH não indica uma doença específica, mas sim um processo de dano tecidual em andamento.
Onde a LDH atua? Principais tecidos
Fígado
Pulmões
Músculos
Coração
Cérebro
Células sanguíneas (hemácias e leucócitos)
Tumores
Quando o exame de LDH é solicitado?
O exame pode ser solicitado nos seguintes contextos:
Avaliação de sintomas inespecíficos, como fadiga e perda de peso
Monitoramento de neoplasias hematológicas (linfomas, leucemias)
Investigação de COVID-19 grave
Suspeita de infarto agudo do miocárdio
Anemias hemolíticas
Doenças hepáticas
Doenças musculares
A LDH (lactato desidrogenase) é uma enzima presente em quase todos os tecidos do corpo. Seus níveis aumentam em situações de necrose celular, inflamação, infarto, infecções graves e diversos tipos de câncer, incluindo linfomas.
Como interpretar o exame de LDH?
A LDH normalmente varia de 135 a 225 U/L, mas os valores podem mudar conforme o método e o laboratório.
Interpretar a LDH exige uma análise cuidadosa do cenário clínico do paciente, sempre considerando outros exames laboratoriais e a história clínica. Isso porque a LDH, por si só, não é específica de uma única condição, mas atua como um indicativo de que algo está provocando dano celular em algum tecido do corpo.
Quando um paciente apresenta LDH elevada, o primeiro passo é identificar se há sintomas clínicos associados e, em seguida, avaliar os demais marcadores disponíveis no painel laboratorial. Por exemplo, se o paciente estiver com dor torácica e elevação de troponina, a LDH pode estar contribuindo para o diagnóstico de um infarto. Já em casos de febre, fadiga e esplenomegalia, uma LDH elevada associada à ferritina e hemograma pode levantar a suspeita de uma neoplasia hematológica, como linfoma.
Em situações de COVID-19 grave, a LDH tem sido usada como marcador de gravidade, uma vez que sua elevação reflete a destruição celular pulmonar. Nesses casos, a correlação com outros exames como D-dímero, ferritina, PCR e gasometria arterial é fundamental para prever evolução para ventilação mecânica ou necessidade de UTI.
Nos quadros de hemólise, a LDH se eleva devido à destruição das hemácias, especialmente quando associada a queda de haptoglobina e aumento de bilirrubina indireta. Da mesma forma, lesões musculares, hepáticas e mesmo alguns tumores podem provocar aumento importante dessa enzima, sendo necessário avaliar TGO, TGP, CK, GGT e outros exames de função hepática ou muscular.
Na oncologia, o papel da LDH é ainda mais estratégico. Em tumores hematológicos como linfomas e leucemias, níveis persistentemente altos podem indicar grande atividade metabólica das células neoplásicas, refletindo em pior prognóstico e necessidade de tratamento intensivo. Por isso, é comum que esse marcador seja incluído nos critérios de estadiamento e resposta ao tratamento.
Outro ponto relevante é a repetição do exame ao longo do tempo. Quando a LDH cai após o início do tratamento, geralmente é sinal de boa resposta terapêutica. No entanto, uma elevação súbita pode indicar recidiva da doença, infarto oculto, ou até mesmo efeito colateral de medicamentos citotóxicos.
Atenção para algumas situações clínicas comuns:
🔴 LDH elevada:
Infarto do miocárdio (após 12-24h do evento)
Hemólise (rompimento de hemácias)
Pneumonias virais (ex: COVID-19 grave)
Hepatites
Lesão muscular
Cânceres (especialmente linfomas, leucemias e metástases hepáticas)
⚪ LDH normal:
Não exclui doenças, mas sugere menor extensão de dano celular
🔵 LDH baixa:
Raramente tem significado clínico relevante
LDH na oncologia: o alerta silencioso dos tumores
Na oncologia, a LDH funciona como um marcador de proliferação tumoral, necrose e estadiamento. Alguns destaques:
Linfomas: a LDH elevada pode indicar carga tumoral alta, estadiamento avançado e pior prognóstico
Metástases hepáticas e ósseas: liberam LDH ao invadir tecidos ricos em enzimas
Leucemias: associada à intensa renovação celular da medula
Melanoma metastático: usada como critério de estadiamento pela AJCC
Acompanhar a LDH ajuda na avaliação de resposta ao tratamento, recidiva ou progressão da doença.
Relação com outras doenças e exames
A LDH isoladamente não fecha diagnóstico, mas seu valor aumenta quando combinada com outros marcadores:
Situação clínica Outros exames associados Hemólise Haptoglobina, bilirrubina, esfregaço Infarto do miocárdio Troponina, CK-MB, ECG Hepatite TGO, TGP, bilirrubinas Lesão muscular CPK, mioglobina COVID-19 grave D-dímero, ferritina, PCR, leucograma Câncer Hemograma, VHS, PET-CT, biópsias.
Variações fisiológicas e interferências
A LDH pode variar em situações não patológicas ou ser alterada por fatores técnicos:
Exercício físico intenso
Coleta com hemólise (falso aumento)
Gravidez (pode aumentar discretamente)
Uso de anticoagulantes (cuidado com heparina)
Importante: o tubo de coleta ideal é o tubo seco com gel separador.
LDH e COVID-19: gravidade em números
Durante a pandemia de COVID-19, diversos estudos mostraram que níveis elevados de LDH se associavam à:
Maior risco de hospitalização
Complicações respiratórias graves
Necessidade de ventilação mecânica
Aumento da mortalidade
Isso ocorre porque a infecção viral grave leva à destruição de pneumócitos e outros tecidos, liberando a enzima na corrente sanguínea.
Conclusão
A LDH é um exame simples, mas poderoso. Quando analisada com contexto clínico e outros marcadores, pode revelar:
Necroses silenciosas
Inflamações ocultas
Atividades tumorais em expansão
Seja na oncologia, na emergência médica ou na monitorização de infecções graves, a LDH é um sinalizador confiável do que está acontecendo por trás dos sintomas.
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Ariéu Azevedo Moraes
Biomédico e Fundador da Pipeta e Pesquisa
Referências
MedlinePlus – LDH Test
Explica o que é o exame de LDH, para que serve e como interpretar seus níveis.Manual MSD – Lactato Desidrogenase (LDH)
Discussão médica aprofundada sobre causas de elevação, contexto clínico e doenças associadas.National Institutes of Health (NIH) – Lactate Dehydrogenase and Cancer
Estudo sobre a relação entre LDH e prognóstico em cânceres, especialmente linfomas.Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML)
Diretrizes gerais para interpretação de marcadores laboratoriais como a LDH.UpToDate – Evaluation of elevated LDH (acesso institucional necessário)
Artigo completo sobre causas e interpretações de LDH elevada, com enfoque clínico.
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