Leucograma: Entendendo Leucócitos Totais, Diferencial, Valores Relativos e Absolutos
Entenda como interpretar o leucograma, entender leucócitos totais, diferencial, valores absolutos e relativos. Saiba por que índices podem diferir sem doença e como integrar resultados aos índices plaquetários.
COLETA E PREPAROHEMATOLOGIA
Ariéu Azevedo Moraes
9/6/20255 min ler


Leucograma: Entendendo Leucócitos Totais, Diferencial, Valores Relativos e Absolutos
O hemograma é um dos exames laboratoriais mais solicitados na prática clínica. Entre seus componentes, o leucograma ganha destaque por avaliar os glóbulos brancos (leucócitos), células fundamentais para a defesa do organismo contra infecções, inflamações e até neoplasias.
Apesar de parecer simples, a interpretação do leucograma exige atenção. Muitos profissionais e pacientes se deparam com situações em que os valores relativos e absolutos diferem ou até apresentam alterações sem que haja uma doença instalada. Esse cenário gera dúvidas importantes: por que isso acontece? Como diferenciar alterações fisiológicas de quadros patológicos?
Neste artigo, vamos explicar de forma acessível e completa:
O que é o leucograma.
Diferença entre leucócitos totais e diferencial.
Como interpretar valores relativos e absolutos.
Situações em que índices diferem mesmo sem doença.
Aplicações clínicas do leucograma.
A relação entre leucócitos e plaquetas no diagnóstico hematológico.
O que é o Leucograma?
O leucograma é a parte do hemograma que avalia os leucócitos, células brancas do sangue responsáveis pela defesa do corpo. Ele fornece duas informações principais:
Contagem total de leucócitos: número total de células brancas presentes em um microlitro de sangue.
Diferencial leucocitário: distribuição percentual de cada tipo de leucócito (neutrófilos, linfócitos, monócitos, eosinófilos e basófilos).
Essas informações, combinadas, ajudam o médico a identificar processos infecciosos, inflamatórios, alérgicos, hematológicos e até autoimunes.
O leucograma avalia os leucócitos totais e diferenciais no hemograma. Entenda a diferença entre valores relativos e absolutos, por que índices podem variar sem doença e como interpretar resultados.
Leucócitos totais: o panorama inicial
A contagem total de leucócitos é o primeiro parâmetro analisado. Valores normais costumam variar entre 4.000 e 11.000 leucócitos/µL em adultos.
Quando os números estão fora desse intervalo, podemos ter:
Leucocitose: aumento dos leucócitos, comum em infecções bacterianas, inflamações agudas, uso de corticoides ou até estresse físico.
Leucopenia: diminuição dos leucócitos, encontrada em infecções virais, doenças autoimunes, uso de certos medicamentos ou deficiência de produção medular.
É importante destacar que uma alteração isolada não define diagnóstico. Por isso, o diferencial leucocitário é essencial.
Diferencial leucocitário: quem são os protagonistas?
O diferencial avalia a proporção de cada tipo de leucócito no sangue. Cada grupo tem função específica:
Neutrófilos: primeira linha de defesa contra bactérias; aumentam em infecções bacterianas agudas.
Linfócitos: fundamentais na imunidade viral e adaptativa; elevam-se em viroses e podem cair em estados imunossupressores.
Monócitos: atuam na defesa contra microrganismos intracelulares e no processo de limpeza celular; aumentam em infecções crônicas.
Eosinófilos: relacionados a alergias e infecções parasitárias.
Basófilos: participam de processos alérgicos e inflamatórios, embora sejam raros no sangue.
Valores relativos x valores absolutos
O leucograma traz duas formas de expressar o resultado do diferencial:
Valores relativos (%): indicam a proporção de cada tipo de leucócito em relação ao total.
Valores absolutos (células/µL): calculados multiplicando a porcentagem pelo número total de leucócitos.
Por exemplo:
Se um paciente tem 10.000 leucócitos e 60% de neutrófilos, o valor absoluto de neutrófilos será 6.000/µL.
Se outro paciente tem 5.000 leucócitos e também 60% de neutrófilos, o valor absoluto será 3.000/µL.
Nesse exemplo, os dois têm a mesma proporção relativa, mas o número real de células é bem diferente.
Por que os índices podem diferir sem doença?
Muitas vezes o laboratório aponta alterações, mas o paciente não apresenta sinais de doença. Isso pode acontecer por diferentes motivos:
Variações fisiológicas: exercícios intensos, estresse ou até a hora do dia podem alterar temporariamente os leucócitos.
Situações transitórias: após uma gripe leve ou vacinação recente.
Influência de medicamentos: corticoides, imunossupressores ou antibióticos podem modificar o perfil leucocitário.
Questões metodológicas: diferenças nos equipamentos ou na coleta podem gerar pequenas variações.
Redistribuição celular: algumas condições fazem os leucócitos migrarem para tecidos, alterando o número circulante momentaneamente.
Isso explica por que, em quadros sem sintomas clínicos, pode haver divergência entre índices relativos e absolutos sem que exista doença instalada.
Quando se preocupar com alterações no leucograma?
Embora existam variações fisiológicas, algumas situações exigem investigação médica:
Leucocitose acentuada acompanhada de febre ou sinais de infecção.
Leucopenia persistente, especialmente se associada a infecções recorrentes.
Alterações marcantes no diferencial, como neutropenia grave ou linfocitose prolongada.
Presença de células imaturas ou atípicas na lâmina periférica.
Nesses casos, o leucograma é um sinal de alerta para diagnósticos mais complexos, incluindo infecções graves, doenças autoimunes e até neoplasias hematológicas.
O papel clínico do leucograma
O leucograma é útil em diferentes contextos:
Infecções agudas: neutrofilia com desvio à esquerda sugere infecção bacteriana.
Viroses: linfocitose relativa pode indicar mononucleose, dengue ou outras infecções virais.
Alergias e parasitoses: eosinofilia é característica de quadros alérgicos e helmintíases.
Infecções crônicas: monócitos elevados podem indicar tuberculose ou endocardite.
Doenças hematológicas: presença de blastos ou alterações marcantes no diferencial levantam suspeita de leucemias.
Leucócitos e plaquetas: a visão integrada
O hemograma só é completo quando analisamos todos os componentes sanguíneos. Leucócitos e plaquetas, embora tenham funções distintas, muitas vezes fornecem pistas combinadas.
Por exemplo, em processos inflamatórios e infecciosos, tanto leucócitos quanto plaquetas podem estar elevados. Já em doenças da medula óssea, é comum observar alterações simultâneas nos dois parâmetros.
👉 Para aprofundar esse tema, não deixe de ler nosso artigo sobre Índices Plaquetários – o que são, como avaliar e qual a importância.
Conclusão
O leucograma é uma ferramenta essencial para compreender o estado imunológico e inflamatório do paciente. Saber interpretar os valores totais, relativos e absolutos é fundamental para diferenciar variações fisiológicas de condições patológicas.
Embora muitas vezes índices alterados não representem doença, é a análise conjunta com histórico clínico, sintomas e outros exames laboratoriais que garante uma interpretação segura.
Mais do que números, o leucograma oferece uma janela para o funcionamento do sistema de defesa do corpo — e quando aliado à avaliação de outros parâmetros, como os índices plaquetários, torna-se ainda mais poderoso na prática clínica.
🔬 Por Ariéu Azevedo Moraes
Biomédico e fundador da Pipeta e Pesquisa, com a missão de descomplicar as análises clínicas e aproximar ciência e saúde do seu dia a dia.
Referências
Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML) – Hemograma e interpretação clínica
MedlinePlus – White Blood Cell (WBC) Count
Manual MSD – Interpretação do Hemograma
National Center for Biotechnology Information (NCBI) – Complete Blood Count and Differential
American Society of Hematology – Complete Blood Count
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