Antibiograma: O Que é, Como Funciona e Qual a Importância na Escolha do Tratamento
Saiba como funciona o antibiograma, exame que orienta a escolha do antibiótico mais eficaz. Entenda quando é indicado, como interpretar resultados e seu papel contra a resistência bacteriana.
MICROBIOLOGIACOLETA E PREPARO
Ariéu Azevedo Moraes
9/6/20254 min ler
Antibiograma: O Que é, Como Funciona e Qual a Importância na Escolha do Tratamento
A resistência bacteriana é considerada um dos maiores desafios da saúde pública mundial. Infecções que antes eram tratadas facilmente com antibióticos comuns hoje se tornam persistentes, prolongam internações e aumentam os custos hospitalares. Nesse cenário, um exame ganha protagonismo: o antibiograma.
Mais do que um simples teste, o antibiograma é uma ferramenta estratégica que ajuda médicos e laboratórios a escolherem o tratamento mais eficaz contra infecções bacterianas, evitando o uso desnecessário de antibióticos e combatendo a resistência microbiana.
Neste artigo, vamos explorar em profundidade:
O que é o antibiograma e como ele é realizado.
Quando esse exame é indicado.
Os principais métodos laboratoriais utilizados.
Como interpretar resultados (S, I, R).
O impacto na prática clínica e na saúde pública.
Exemplos de situações em que faz toda a diferença.
O que é o antibiograma?
O antibiograma é um exame microbiológico que avalia a sensibilidade de bactérias a diferentes antibióticos. Ele permite identificar quais medicamentos são eficazes para combater a bactéria causadora da infecção de um paciente.
Esse exame é fundamental porque cada bactéria pode responder de maneira diferente a um mesmo antibiótico. Sem o antibiograma, o tratamento é feito de forma empírica — ou seja, baseado em tentativa e erro. Com ele, o médico toma uma decisão precisa, baseada em evidências laboratoriais.
Quando o antibiograma é indicado?
Nem toda infecção exige um antibiograma. Muitas vezes, infecções simples são tratadas com antibióticos de primeira escolha. Porém, ele se torna indispensável em situações específicas, como:
Infecções hospitalares (muitas vezes causadas por bactérias multirresistentes).
Infecções recorrentes, como infecção urinária repetida.
Casos em que o paciente não responde ao antibiótico inicial.
Infecções graves, como pneumonia hospitalar, sepse ou meningite.
Suspeita de resistência bacteriana, como MRSA (Staphylococcus aureus resistente à meticilina).
O antibiograma é o exame que avalia a sensibilidade de bactérias a diferentes antibióticos. Saiba como é feito, quando é indicado e por que é essencial no combate à resistência bacteriana.
Como o exame é feito?
O antibiograma começa com a coleta de material biológico: urina, secreção respiratória, sangue, pus ou outro fluido corporal. A amostra segue para o laboratório, onde as etapas acontecem em sequência:
Isolamento da bactéria: a amostra é cultivada em meios de cultura até que as bactérias cresçam.
Identificação: testes bioquímicos e moleculares identificam a espécie bacteriana.
Teste de sensibilidade: a bactéria isolada é exposta a diferentes antibióticos para verificar quais conseguem inibir seu crescimento.
Métodos de realização do antibiograma
Existem diferentes metodologias, padronizadas por entidades como CLSI (Clinical and Laboratory Standards Institute) e EUCAST (European Committee on Antimicrobial Susceptibility Testing).
Os principais métodos são:
Difusão em disco (Kirby-Bauer): antibióticos impregnados em discos de papel são colocados sobre uma placa com a bactéria; observa-se se há halo de inibição.
Diluição em caldo ou ágar: determina a Concentração Inibitória Mínima (CIM), ou seja, a menor dose de antibiótico capaz de inibir o crescimento da bactéria.
Automatizados: sistemas como Vitek®, Phoenix® e MicroScan® fornecem resultados rápidos e padronizados.
Como interpretar os resultados do antibiograma?
Os laudos geralmente classificam os antibióticos testados em três categorias:
S (Sensível): o antibiótico é eficaz contra a bactéria.
I (Intermediário): o antibiótico pode ter efeito parcial ou apenas em altas doses.
R (Resistente): o antibiótico não funciona contra aquela bactéria.
O médico, ao analisar o laudo, escolhe a opção mais eficaz e segura para o paciente, evitando erros terapêuticos.
Exemplos práticos
Uma paciente com infecção urinária recorrente pode apresentar Escherichia coli resistente à amoxicilina, mas sensível à nitrofurantoína. Nesse caso, o antibiograma guia a troca de medicamento.
Em UTIs, o exame pode mostrar que um paciente com pneumonia hospitalar está infectado por Klebsiella pneumoniae resistente a carbapenêmicos, exigindo antibióticos de última linha como colistina.
Em meningites bacterianas, a rapidez do resultado pode salvar vidas, já que nem todos os antibióticos atravessam a barreira hematoencefálica.
O papel do antibiograma na saúde pública
A resistência antimicrobiana é hoje considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma das maiores ameaças globais. Estima-se que, até 2050, 10 milhões de mortes anuais podem ocorrer devido a infecções resistentes.
Nesse contexto, o antibiograma não é apenas um exame diagnóstico, mas também uma ferramenta epidemiológica que:
Ajuda a mapear quais bactérias circulam em determinada região.
Identifica padrões de resistência.
Orienta políticas públicas e protocolos hospitalares de uso racional de antibióticos.
Por que o antibiograma ainda não é feito em todos os casos?
Apesar da importância, existem barreiras:
Tempo de execução: pode levar de 24 a 72 horas.
Custo mais elevado em relação a um tratamento empírico inicial.
Necessidade de infraestrutura laboratorial adequada.
Por isso, seu uso é priorizado para infecções graves, hospitalares ou quando o tratamento inicial não funciona.
Considerações finais
O antibiograma é um exame indispensável na luta contra a resistência bacteriana. Ele garante que o paciente receba o antibiótico certo, na dose certa e pelo tempo adequado, aumentando a eficácia do tratamento e reduzindo riscos de falha terapêutica.
Muito além do indivíduo, esse exame tem impacto coletivo, já que contribui para conter a disseminação de bactérias resistentes.
👉 Antes de chegarmos à escolha precisa do antibiótico com base no antibiograma, é essencial garantir que a amostra seja de alta qualidade.
Confira nosso artigo sobre Amostras Contaminadas: o que fazer e como prevenir, e descubra as melhores práticas para evitar erros no diagnóstico.
🔬 Por Ariéu Azevedo Moraes
Biomédico e fundador da Pipeta e Pesquisa, com a missão de descomplicar as análises clínicas e aproximar ciência e saúde do seu dia a dia.
Referências
Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI) – Antimicrobial Susceptibility Testing
EUCAST – European Committee on Antimicrobial Susceptibility Testing
Organização Mundial da Saúde (OMS) – Antimicrobial Resistance
MedlinePlus – Antibiotic Sensitivity Test
Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML) – Testes laboratoriais
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