Setembro Amarelo: Prevenção ao Suicídio e o Papel da Saúde Laboratorial

Compreenda o que é o Setembro Amarelo, a importância da prevenção ao suicídio e como exames laboratoriais auxiliam no diagnóstico complementar e na saúde mental.

ATUALIDADESCAMPANHA DE CORES

Ariéu Azevedo Moraes

9/6/20254 min ler

Campanha Setembro Amarelo
Campanha Setembro Amarelo

Setembro Amarelo: Prevenção ao Suicídio e o Papel da Saúde Laboratorial

O mês de setembro ganhou, no Brasil e no mundo, uma cor especial: o amarelo. Desde 2015, a campanha Setembro Amarelo mobiliza profissionais de saúde, instituições públicas e privadas, escolas e a sociedade em geral na luta pela prevenção ao suicídio e pela valorização da vida.

O suicídio é um problema de saúde pública global. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos, e muitas outras tentam sem sucesso. No Brasil, os números também preocupam: estima-se que uma morte por suicídio ocorra a cada 45 minutos.

Apesar da gravidade, o tema ainda é cercado de tabu, preconceito e desinformação. É nesse contexto que o Setembro Amarelo se torna tão importante: trazer a discussão à tona, incentivar o diálogo e promover a atenção integral à saúde mental.

Neste artigo, vamos abordar:

  • O que é o Setembro Amarelo e como surgiu.

  • Os principais fatores de risco associados ao suicídio.

  • O papel da saúde mental na atenção primária.

  • Como os exames laboratoriais podem auxiliar no diagnóstico e acompanhamento de transtornos relacionados.

  • Estratégias de prevenção e acolhimento.

Como surgiu o Setembro Amarelo?

A campanha foi criada nos Estados Unidos, em 1994, após a história de Mike Emme, um jovem de 17 anos que tirou a própria vida. Mike tinha um carro amarelo, e no dia de sua morte amigos e familiares distribuíram cartões com fitas amarelas e mensagens de apoio.

O gesto se transformou em um movimento global. No Brasil, a iniciativa ganhou força em 2015, liderada pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

O Setembro Amarelo é a campanha de prevenção ao suicídio. Saiba sua importância, fatores de risco e como exames laboratoriais podem auxiliar no diagnóstico e acompanhamento da saúde mental.

O suicídio como problema de saúde pública

De acordo com a OMS, o suicídio está entre as 20 principais causas de morte no mundo. É a segunda causa entre jovens de 15 a 29 anos.

Alguns fatores de risco incluem:

  • Transtornos mentais, como depressão, transtorno bipolar e esquizofrenia.

  • Uso abusivo de álcool e drogas.

  • Situações de violência, abuso ou perdas traumáticas.

  • Desemprego e dificuldades financeiras.

  • Histórico de tentativas anteriores.

  • Falta de apoio social e familiar.

É importante lembrar que o suicídio pode ser prevenido em grande parte dos casos, desde que haja identificação precoce, acolhimento e tratamento adequado.

Saúde mental e atenção integral

A prevenção passa pela atenção integral à saúde mental. Isso significa que além do acompanhamento médico e psicológico, outros profissionais de saúde — incluindo equipes de atenção básica e laboratórios clínicos — podem contribuir de forma significativa.

Transtornos como depressão, ansiedade e bipolaridade não têm apenas manifestações psicológicas: eles também podem estar associados a alterações metabólicas, hormonais e inflamatórias. É aí que entram os exames laboratoriais como aliados do diagnóstico complementar.

Exames laboratoriais que auxiliam no diagnóstico auxiliar em saúde mental

Embora não exista um exame de sangue capaz de “diagnosticar depressão” ou “detectar risco de suicídio”, alguns testes são fundamentais para descartar causas orgânicas, avaliar repercussões do tratamento e monitorar condições associadas.

Principais exames relacionados:

  • Hemograma completo: pode ajudar a identificar anemias ou infecções que influenciam no estado geral do paciente.

  • TSH, T3 e T4 (função tireoidiana): disfunções da tireoide podem causar sintomas semelhantes à depressão e ansiedade.

  • Dosagem de vitamina B12 e vitamina D: a deficiência dessas vitaminas está associada a fadiga, irritabilidade e alterações cognitivas.

  • Glicemia e hemoglobina glicada: alterações no metabolismo da glicose podem impactar humor e energia.

  • Perfil lipídico: dislipidemias também estão relacionadas a maior risco de alterações cognitivas e psiquiátricas.

  • Exames de função hepática e renal: importantes no acompanhamento de pacientes em uso de medicamentos psiquiátricos.

  • Marcadores inflamatórios (PCR, VHS): estudos sugerem associação entre inflamação crônica e quadros depressivos.

  • Cortisol: níveis elevados podem indicar estresse crônico, impactando diretamente a saúde mental.

Esses exames não substituem a avaliação clínica, mas complementam o diagnóstico, ajudando o profissional a diferenciar causas orgânicas de sintomas psíquicos e a monitorar a saúde integral do paciente.

O papel do laboratório na rede de apoio

O laboratório de análises clínicas pode ser um importante aliado na campanha Setembro Amarelo ao:

  • Realizar exames que auxiliem no diagnóstico diferencial.

  • Oferecer informações claras aos pacientes sobre preparo e interpretação.

  • Trabalhar em parceria com médicos e psicólogos para acompanhamento multiprofissional.

  • Promover educação em saúde por meio de materiais informativos e campanhas educativas.

Estratégias de prevenção e acolhimento

A prevenção ao suicídio envolve diferentes frentes de atuação:

  • Educação e diálogo: quebrar o tabu e falar sobre o tema de forma responsável.

  • Capacitação profissional: treinar equipes de saúde para identificar sinais de risco.

  • Apoio social: fortalecer redes de apoio comunitárias, familiares e escolares.

  • Atenção ao paciente em risco: nunca ignorar sinais como isolamento, falas de desesperança ou mudanças bruscas de comportamento.

  • Divulgação de canais de apoio: como o CVV (188), disponível 24 horas por dia, gratuitamente.

Considerações finais

O Setembro Amarelo é muito mais do que uma campanha: é um movimento de conscientização e valorização da vida. A prevenção ao suicídio depende de uma rede de apoio que envolve família, comunidade, profissionais de saúde e políticas públicas.

Na área de análises clínicas, embora não haja um exame único para diagnosticar transtornos mentais, o uso estratégico de exames laboratoriais complementares é fundamental para descartar causas orgânicas, monitorar efeitos colaterais de medicamentos e oferecer uma visão integral da saúde do paciente.

👉 Quer aprender mais sobre como diferentes exames ajudam a compreender o corpo humano? Leia nossos artigos no blog.

Referências

🔬 Por Ariéu Azevedo Moraes
Biomédico e fundador da Pipeta e Pesquisa, com a missão de descomplicar as análises clínicas e aproximar ciência e saúde do seu dia a dia.

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