Maio Roxo: Conscientização sobre Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs)

Saiba o que são as doenças inflamatórias intestinais (DIIs), como Crohn e retocolite ulcerativa, e por que o Maio Roxo é essencial para a conscientização e diagnóstico precoce dessas condições.

ATUALIDADESCAMPANHA DE CORES

Ariéu Azevedo Moraes

5/29/20253 min ler

Idosa esperando a coleta de sangue
Idosa esperando a coleta de sangue

🟣 Maio Roxo: Conscientização sobre Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs)

O que é o Maio Roxo?

O Maio Roxo é uma campanha nacional que busca conscientizar a população sobre doenças inflamatórias crônicas, com foco especial nas doenças inflamatórias intestinais (DIIs), como a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa.

Criada para dar visibilidade a doenças muitas vezes silenciosas e de difícil diagnóstico, a campanha promove o debate e incentiva o diagnóstico precoce.

O roxo foi escolhido como cor símbolo por representar a superação das dificuldades vividas por quem enfrenta uma condição inflamatória crônica que afeta diretamente o bem-estar e a rotina diária.

O que são Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs)?

As doenças inflamatórias intestinais são condições autoimunes e crônicas que afetam o trato gastrointestinal. Elas são caracterizadas por episódios de inflamação persistente e podem ter fases de remissão e de agravamento.

As principais DIIs são a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa.

  • Doença de Crohn: Pode afetar qualquer parte do sistema digestivo, da boca ao ânus.

  • Retocolite Ulcerativa (RCU): Acomete exclusivamente o intestino grosso, causando inflamação superficial e contínua.

Essas doenças não são causadas por infecções e tampouco são contagiosas. Acredita-se que fatores genéticos, imunológicos e ambientais estejam envolvidos em sua origem.

Sinais e sintomas das DIIs

As DIIs muitas vezes se confundem com outras condições, o que atrasa o diagnóstico.

Os sintomas mais comuns incluem diarreia persistente, dor abdominal e perda de peso inexplicada.

Outros sinais:

  • Cansaço excessivo

  • Febre baixa

  • Anemia

  • Urgência para evacuar

  • Inflamações em articulações, olhos ou pele

Esses sintomas podem variar de intensidade e duração, dificultando o reconhecimento da doença, especialmente em sua fase inicial.

A importância do diagnóstico precoce

O diagnóstico precoce das doenças inflamatórias intestinais é essencial para evitar complicações, tais como:

  • Estreitamento intestinal

  • Fístulas e abscessos

  • Perfuração do intestino

  • Cirurgias frequentes

  • Deficiências nutricionais graves

  • Risco aumentado de câncer colorretal

Com tratamento adequado, muitos pacientes conseguem viver com qualidade, mesmo enfrentando uma condição crônica.

Por isso, o Maio Roxo reforça a importância da escuta clínica, da valorização dos sintomas e do acesso a exames laboratoriais e de imagem.

Como são diagnosticadas as DIIs?

O diagnóstico das DIIs envolve uma abordagem clínica integrada com exames laboratoriais, endoscópicos, radiológicos e histológicos.

Principais exames laboratoriais:

  • Hemograma completo: pode revelar anemia e inflamação.

  • PCR (Proteína C Reativa): marcador inflamatório.

  • Velocidade de Hemossedimentação (VHS): também indica inflamação sistêmica.

  • Dosagem de calprotectina fecal: marcador não invasivo que auxilia na distinção entre diarreia funcional e inflamatória.

  • Albumina sérica: avaliação nutricional.

  • Teste de função hepática: já que complicações hepáticas são comuns em DIIs.

Além disso, exames parasitológicos são importantes para excluir causas infecciosas.

Outros exames complementares:

  • Colonoscopia com biópsia: padrão ouro no diagnóstico.

  • Enterotomografia e enteroressonância: úteis para avaliar o intestino delgado.

  • Endoscopia digestiva alta: pode ser necessária em alguns casos.

Tratamentos para DIIs

As DIIs ainda não têm cura definitiva, mas há tratamentos eficazes que controlam os sintomas e promovem remissão prolongada.

As classes terapêuticas incluem:

  • Aminossalicilatos (mesalazina)

  • Corticosteroides

  • Imunossupressores (azatioprina, metotrexato)

  • Biológicos (infliximabe, adalimumabe)

  • Novas terapias orais com inibidores de JAK e outros imunomoduladores

O tratamento é sempre individualizado e o acompanhamento multidisciplinar é fundamental.

Inclui gastroenterologista, nutricionista e, muitas vezes, psicólogo para garantir adesão e bons resultados.

O papel dos profissionais de laboratório no Maio Roxo

O biomédico e demais profissionais do laboratório clínico têm papel decisivo na detecção precoce e no acompanhamento laboratorial das DIIs.

É no laboratório que muitos dos primeiros sinais são captados: anemia persistente, elevação de marcadores inflamatórios e alterações em exames bioquímicos.

Além disso, o laboratório atua na:

  • Monitorização da resposta ao tratamento

  • Avaliação de efeitos colaterais medicamentosos

  • Triagem de deficiências nutricionais e inflamatórias

Promover educação em saúde e disseminar informações corretas também é uma missão do laboratório no Maio Roxo.

Como apoiar o Maio Roxo?

  • Incentive seus pacientes a falarem sobre sintomas intestinais recorrentes.

  • Divulgue conteúdos informativos nas redes sociais do laboratório ou clínica.

  • Participe de campanhas locais e eventos educativos.

  • Compartilhe depoimentos de pacientes (com consentimento).

  • Ofereça orientações seguras e acolhedoras nas unidades de atendimento.

Cada ação de conscientização contribui para o diagnóstico precoce e melhora na qualidade de vida dos pacientes.

Conclusão

O Maio Roxo é um mês dedicado a iluminar um tema muitas vezes escondido por vergonha, estigma ou desinformação: as doenças inflamatórias intestinais.

Com o avanço dos exames laboratoriais e maior conscientização, é possível garantir diagnóstico precoce e qualidade de vida.

Valorizar campanhas como esta é uma forma de transformar a realidade de milhares de brasileiros que sofrem em silêncio.

Que o roxo de maio seja também a cor do acolhimento e da ciência que salva.

Texto elaborado por Biomédico Ariéu Azevedo Moraes.

Referências

  1. Sociedade Brasileira de Coloproctologia

  2. Ministério da Saúde

  3. SBAC

  4. Crohn’s & Colitis Foundation (EUA)

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