Outubro Rosa 2025: o que mudou no SUS, o que há de novo no diagnóstico e como agir agora

Em 2025, o SUS padronizou o rastreamento de câncer de mama (50–74 anos, a cada 2 anos) e garantiu acesso à mamografia sob demanda a partir dos 40. Veja o que muda na prática, as novas tecnologias (IA, tomossíntese, mamografia com contraste, RM abreviada) e um passo a passo claro para diagnóstico precoce com fontes oficiais.

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Ariéu Azevedo Moraes

10/3/20257 min ler

Outubro Rosa 2025: o que mudou no SUS, o que há de novo no diagnóstico e como agir agora

Resumo sobre o que mudou em 2025?

  • Rastreamento no SUS: mulheres 50–74 anos, a cada 2 anos.

  • 40–49 anos: têm acesso sob demanda, decidido com o profissional de saúde e com orientação sobre riscos/benefícios.

  • Rede ampliada: carretas de saúde da mulher em 22 estados e novos kits de biópsia para agilizar diagnóstico.

  • Foco no diagnóstico precoce: lista oficial de sinais de alerta e priorização do atendimento para mulheres sintomáticas.

Por que este Outubro Rosa importa (e muito)

O câncer de mama segue como o mais incidente entre mulheres no Brasil. Para cada ano do triênio 2023–2025 são estimados 73.610 casos novos — número que reforça a urgência de combinar prevenção e detecção precoce com uma linha de cuidado ágil.

Em 2025, o Ministério da Saúde padronizou o acesso à mamografia no SUS e atualizou a faixa etária do rastreamento populacional (screening). O objetivo é salvar vidas detectando tumores em fase inicial e reduzir filas com itinerários diagnósticos mais eficientes.

O que, objetivamente, mudou no Brasil em 2025

Em 2025, o SUS padronizou o rastreamento do câncer de mama para mulheres de 50 a 74 anos, com mamografia bilateral a cada 2 anos. Mulheres de 40 a 49 anos (assintomáticas) e acima de 74 anos mantêm acesso sob demanda, decidindo em conjunto com a equipe de saúde e recebendo orientação sobre riscos e benefícios. Para agilizar o diagnóstico, houve ampliação da rede, com carretas móveis e mais kits de biópsia. Já as mulheres com sinais de alerta (como nódulo duro/fixo, retração do mamilo ou da pele, pele em “casca de laranja”, secreção sanguinolenta e linfonodo axilar endurecido) entram em prioridade no atendimento. Na prática, quem tem 50–74 anos deve rastrear a cada 2 anos; entre 40–49 (ou >74), avaliar fazer sob demanda; e, diante de qualquer alteração, buscar a unidade imediatamente.

Quando fazer mamografia (e quem tem prioridade)

  • Assintomáticas 50–74 anos (risco habitual): mamografia bilateral a cada 2 anos (rastreamento populacional).

  • Assintomáticas 40–49 e >74 anos (risco habitual): acesso sob demanda mediante decisão compartilhada com a equipe de saúde.

  • Sintomáticas (qualquer idade): prioridade imediata para avaliação e exames (ex.: nódulo duro/fixo, descarga papilar sanguinolenta, pele em “casca de laranja”, retração do mamilo, linfonodo axilar endurecido).

  • Homens: embora raros, casos existem; tumoração palpável unilateral é sinal de alerta.

Atenção: “autoexame” não substitui mamografia. A orientação atual é o autoconhecimento das mamas e a busca de atendimento diante de alterações.

O que há de novo no diagnóstico (2024–2025)

1) Inteligência artificial (IA) na leitura de mamografias
Ensaios e implementações em larga escala mostram que IA pode aumentar a detecção e reduzir a carga de leitura dos radiologistas, sem elevar falsos positivos em diversos cenários — um avanço promissor para filas e agilidade. Evidências recentes em programas nacionais (Europa) e estudos em larga escala apontam maior taxa de detecção e até 44% de redução na carga de leitura, quando a IA atua como segundo leitor ou rede de segurança.

2) Tomossíntese (DBT)
A mamografia digital com tomossíntese reconstrói imagens em “camadas”, melhorando a visualização em mamas densas e reduzindo sobreposições. Em muitos cenários clínicos, DBT eleva a taxa de detecção em comparação à mamografia 2D — especialmente útil quando a sensibilidade pode ser limitada. (Evidência consolidada em diretrizes internacionais; adoção brasileira é crescente, sobretudo na rede suplementar.)

3) Mamografia com contraste (CEM/CESM)
Ensaios multicêntricos randomizados — p.ex., RACER — sugerem que a CEM pode melhorar a acurácia e a eficiência da investigação diagnóstica em mulheres chamadas do rastreamento (recall), comparada à abordagem convencional. Revisões recentes apontam maior sensibilidade em mamas extremamente densas. (Uso ainda está se consolidando e depende de recursos/treinamento.)

4) Ressonância magnética abreviada (AB-MRI)
A RM abreviada reduz tempo e custo da RM de mama mantendo alto desempenho diagnóstico, sendo estudada como método suplementar (sobretudo em mamas densas e cenários de risco específico). Revisões de 2024–2025 mostram acurácia comparável à RM completa e potencial para rastrear mulheres de risco intermediário em estratégias selecionadas.

Resumo prático: IA, DBT, CEM e AB-MRI não substituem o rastreamento recomendado, mas complementam a investigação e podem encurtar o caminho entre o sinal de alerta e o diagnóstico conclusivo — com impacto direto na mortalidade quando integradas a fluxos bem organizados.

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Da suspeita ao laudo: o fluxo que reduz atrasos

  1. Atenção Primária (UBS): acolhimento, avaliação de risco, solicitação de mamografia (quando indicado) e priorização de casos suspeitos.

  2. Confirmação diagnóstica: ultrassonografia direcionada e biópsia (core/estereotáxica), com anatomopatológico e imuno-histoquímica (ER, PR, HER2, Ki-67) para definir subtipo. (Padrões atualizados constam em protocolos nacionais e consensos de especialidades.)

  3. Direito ao início de tratamento: a Lei nº 12.732/2012 garante até 60 dias entre diagnóstico e primeiro tratamento no SUS (cirurgia, rádio, quimio). Conheça e exija esse direito.

2025 em ação: além das carretas e dos novos kits de biópsia financiados, o Ministério da Saúde anunciou guias para a Atenção Primária, fluxos de alto risco e diagnóstico precoce, visando padronizar e agilizar o percurso da pessoa com suspeita de câncer.

Sinais e sintomas que exigem avaliação imediata

  • Nódulo duro e/ou fixo (qualquer idade).

  • Aumento progressivo do volume da mama, pele em casca de laranja, retração da pele ou do mamilo.

  • Secreção papilar sanguinolenta unilateral.

  • Linfonodo axilar endurecido.

  • Homens com tumoração palpável unilateral.

“História real, nomes trocados”: como o acesso sob demanda mudou o desfecho da Ana

Ana, 42 anos, sem sintomas, procurou a UBS após ouvir na rádio que mulheres a partir de 40 anos poderiam fazer mamografia no SUS sob demanda, decidindo junto com a equipe. Fez o exame, seguiu para biópsia com laudo de carcinoma in situ. Tratou em centro habilitado e retomou a rotina. Um exemplo simples de como informação + acesso evitam uma história muito mais dura.

FAQ (o que mais caiu na nossa caixa de perguntas)

1) Tenho 45 anos e estou sem sintomas. Posso fazer mamografia no SUS?
Sim. Acesso sob demanda, com decisão compartilhada e orientação de riscos/benefícios. O rastreamento populacional segue 50–74 anos, a cada 2 anos.

2) Tomossíntese substitui a mamografia comum?
Não “substitui” na política pública atual, mas pode aumentar a detecção e é útil em mamas densas; a adoção depende da rede/local.

3) IA vai “ler” meu exame no SUS?
A IA já melhorou a detecção e reduziu a carga em programas internacionais. No Brasil, a incorporação tende a ser gradual, priorizando segurança e validação local.

4) RM abreviada e mamografia com contraste são para todas?
Não. AB-MRI e CEM podem acelerar e refinar a investigação em cenários específicos (ex.: mamas densas, recall do rastreamento). Decisão é individualizada.

5) Demora entre diagnóstico e tratamento: o que fazer?
A Lei dos 60 dias garante início do primeiro tratamento em até 60 dias após o laudo patológico. Acione a regulação, procure a ouvidoria e registre.

Checklist de ação para Outubro Rosa (e depois dele)

  • Se você tem 50–74 anos: agende a mamografia (se faltar ≥2 anos).

  • Se você tem 40–49 anos: converse na UBS e avaliem fazer sob demanda.

  • Percebeu algum sinal de alerta? Procure a unidade agora.

  • Guarde seus laudos (mamografia, US, biópsia, IHQ).

  • Use ferramentas de apoio: nossa Guia de Exames ajuda a entender o caminho entre suspeita, imagem e biópsia com linguagem acessível.

Para profissionais: notas rápidas de implementação

  • Atenção Primária: aplicar a Nota Técnica nº 626/2025, estratificar risco, priorizar sintomáticas, garantir resolutividade e referência ágil.

  • Regulação local: alinhar agendas às carretas e aos novos kits de biópsia para reduzir intervalo diagnóstico.

  • Fluxos de imagem: considerar DBT quando disponível; para recall com dúvida, CEM pode reduzir idas e vindas; discutir AB-MRI em cenários selecionados.

  • Qualidade do laudo patológico: IHQ (ER/PR/HER2/Ki-67) conforme protocolos atualizados da SBP; correlação clínico-radiopatológica.

Conclusão

Outubro Rosa 2025 vem com padronização clara do rastreamento no SUS, ampliação de acesso e tecnologias que aproximam o diagnóstico do dia a dia das pessoas. Se você está entre 50 e 74 anos, agende sua mamografia. Se tem 40 a 49, converse na UBS e avaliem fazer sob demanda. Se notou qualquer sinal, não espere. Informação salva – e agir cedo muda a história.

Ariéu Azevedo Moraes
Biomédico | Fundador da Pipeta e Pesquisa
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Referências

  1. Nota Técnica nº 626/2025 – MS/INCA: rastreamento 50–74 bienal; acesso sob demanda 40–49 e >74; sinais de alerta. PDF.

  2. Ministério da Saúde (23–25/09/2025): acesso à mamografia a partir dos 40, carretas em 22 estados e kits de biópsia. Notícia. (Serviços e Informações do Brasil)

  3. INCA (2025): estimativa 73.610 casos/ano (2023–2025) e materiais do Outubro Rosa. Notícia. (Serviços e Informações do Brasil)

  4. INCA – Incidência: página técnica com estimativas 2023–2025. Página. (Serviços e Informações do Brasil)

  5. IA na mamografia – ensaio randomizado e análises em larga escala (2024–2025):

  6. CEM (mamografia com contraste): RACER e revisões. The Lancet Regional Health – Europe | PubMed – RACER | Radiology. (The Lancet)

  7. RM abreviada (AB-MRI): revisão 2024/2025. PMC | AJR. (PMC)

  8. ACR 2025 – imagem suplementar por risco/densidade: Narrativa PDF. (Acsearch)

  9. Sinais e sintomas – MS/INCA: Saúde de A a Z. (Serviços e Informações do Brasil)

  10. Lei nº 12.732/2012 (Lei dos 60 dias): Ministério da Saúde – Tratamento | Texto legal. (Serviços e Informações do Brasil

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