Sistema imune e testes laboratoriais: como avaliar se sua imunidade está funcionando bem

Imunidade baixa ou equilibrada? Saiba quais exames laboratoriais avaliam o sistema imunológico, o que significam e quando investigar deficiências de defesa no organismo.

IMUNOLOGIABIOQUÍMICAHEMATOLOGIA

Ariéu Azevedo Moraes

7/4/20254 min ler

Pipeta e um Becker, mistura de substâncias
Pipeta e um Becker, mistura de substâncias

Como saber se sua imunidade está realmente funcionando bem?


Essa é uma das perguntas mais frequentes em consultórios e laboratórios — especialmente após gripes de repetição, infecções prolongadas ou quadros de COVID-19 que deixaram o organismo mais vulnerável.

Avaliar a imunidade não é apenas “ver se está fraca ou forte”. Trata-se de entender como o sistema imunológico está reagindo, se há equilíbrio entre defesa e inflamação, e se o corpo está conseguindo produzir anticorpos de forma adequada.

É aí que entram as análises clínicas. A partir de exames laboratoriais específicos, é possível mapear a resposta imunológica, identificar deficiências e até reconhecer padrões que indicam uma imunossupressão oculta. Neste artigo, você vai descobrir quais exames ajudam a avaliar a imunidade, como interpretá-los e o que eles revelam sobre a sua saúde.

O que é o sistema imunológico?

O sistema imunológico é a rede de defesa do organismo contra agentes estranhos como vírus, bactérias, fungos e células tumorais. Ele atua por meio de diversas estruturas: linfócitos, anticorpos, citocinas, células fagocitárias e barreiras físicas (pele, mucosas, etc.).

Ele pode ser dividido em duas grandes frentes:

  • Imunidade inata: resposta imediata e inespecífica (ex: neutrófilos, monócitos, barreiras físicas);

  • Imunidade adaptativa: resposta mais lenta, porém específica e com memória (ex: linfócitos T e B, anticorpos como IgG e IgM).

A avaliação laboratorial busca identificar como essas respostas se comportam frente a estímulos, inflamações, infecções ou imunodeficiências.

Como avaliar a imunidade em exames laboratoriais?

1. Hemograma com diferencial

O hemograma é o ponto de partida. A contagem e o percentual dos leucócitos (glóbulos brancos) dizem muito sobre o estado imunológico:

  • Leucócitos totais: aumentam em infecções bacterianas ou leucemias; caem em imunossupressão.

  • Neutrófilos: primeiros a chegar em infecções agudas.

  • Linfócitos: relacionados à imunidade viral e adaptativa.

  • Eosinófilos: presentes em alergias e infecções parasitárias.

  • Basófilos e monócitos: ajudam na regulação da resposta imune e na fagocitose.

Desvios nesses parâmetros podem sugerir quadros infecciosos, inflamatórios ou imunológicos.

2. Dosagem de imunoglobulinas (IgG, IgA, IgM, IgE e IgD)

Essas são as principais armas humorais do sistema imune. Cada uma tem função específica e sua dosagem permite mapear estados de imunidade, alergia ou deficiência.

  • IgG: principal anticorpo de memória. Indica exposição anterior ou resposta vacinal.

  • IgM: resposta inicial a infecções. Sobe nos primeiros dias da doença.

  • IgA: presente em mucosas, defende as vias aéreas e digestivas.

  • IgE: associada a alergias e respostas a parasitas.

  • IgD: ainda em estudo, participa da ativação de linfócitos B.

As alterações podem apontar desde imunodeficiências primárias até síndromes autoimunes.

3. Sorologias específicas

Esses testes verificam se o organismo já entrou em contato com determinados agentes infecciosos, como:

  • HIV, hepatites, sífilis, COVID-19;

  • Sorologias para sarampo, rubéola, toxoplasmose;

  • Detecção de IgG/IgM para infecções recentes ou passadas.

Além do diagnóstico, ajudam a avaliar respostas vacinais — um indicativo de memória imunológica funcional.

4. Testes inflamatórios: PCR, VHS e ferritina

A inflamação é uma resposta do sistema imune. Embora inespecíficos, esses marcadores ajudam a entender o grau e a intensidade da ativação imunológica.

  • PCR (Proteína C Reativa): aumenta rapidamente em infecções e inflamações.

  • VHS (Velocidade de Hemossedimentação): mais sensível a inflamações crônicas.

  • Ferritina: além de indicar reservas de ferro, também é uma proteína de fase aguda.

Valores persistentemente elevados podem sinalizar doenças autoimunes ou inflamações ocultas.

5. Testes de imunidade celular: linfócitos T, B e NK

Por meio da imunofenotipagem por citometria de fluxo, é possível identificar as subpopulações de linfócitos e sua atividade. São especialmente úteis em:

  • Investigação de imunodeficiências primárias e secundárias;

  • Monitoramento de pacientes com HIV (contagem de CD4/CD8);

  • Avaliação de resposta imunológica em pacientes imunossuprimidos.

6. Autoanticorpos

Em casos de doenças autoimunes, o sistema imune perde a capacidade de distinguir o “eu” do “invasor”. Os autoanticorpos são produzidos contra células do próprio corpo:

  • FAN (Fator antinuclear);

  • Anti-DNA, anti-CCP, anti-TPO, entre outros.

A presença deles indica distúrbios como lúpus, artrite reumatoide ou doenças tireoidianas autoimunes.

Interpretação e contexto clínico: o verdadeiro desafio

A leitura dos resultados deve ser feita com base na história clínica, sintomas e condição do paciente. Uma IgG alta pode indicar imunidade... ou infecção crônica. Um PCR elevado pode significar infecção bacteriana... ou inflamação autoimune.

Por isso, segundo Ariéu Azevedo Moraes, biomédico especialista em Gestão Laboratorial, “a interpretação integrada dos exames imunológicos é o que transforma dados laboratoriais em decisões clínicas relevantes.”

Quando investigar a imunidade?

  • Infecções de repetição;

  • Doenças autoimunes suspeitas;

  • Monitoramento de imunossuprimidos (ex: transplantados);

  • Avaliação de eficácia vacinal;

  • Diagnóstico de imunodeficiências primárias (infância) ou adquiridas (HIV, câncer, quimioterapia).

Com tantos exames capazes de avaliar o sistema imunológico, saber onde buscar informações confiáveis faz toda a diferença. Se você quer consultar rapidamente para que serve cada exame, como interpretá-lo e em que situações ele pode ser solicitado, conheça o nosso Guia de Exames da Pipeta e Pesquisa.

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Resumo: imunidade é um equilíbrio, não um número

Avaliar a imunidade por meio de exames laboratoriais é como montar um quebra-cabeça. Cada peça revela uma parte da história — e apenas juntas formam o retrato completo. O sistema imunológico responde ao ambiente, aos hábitos, à genética e às doenças. Com o suporte das análises clínicas, essa leitura se torna possível, acessível e decisiva para a saúde.

Referências

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