Vacinas: História, Verdades e Mentiras Que Ainda Precisam Ser Explicadas
No Dia Nacional da Vacinação, descubra como as vacinas transformaram a história da humanidade e entenda as 10 maiores verdades e mentiras sobre imunização — com explicações baseadas na ciência e na prática das análises clínicas.
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Ariéu Azevedo Moraes
10/12/20256 min ler


Vacinas: História, Verdades e Mentiras Que Ainda Precisam Ser Explicadas
Da varíola à biotecnologia: a história fascinante das vacinas
A história da vacinação começa no século XVIII, com um médico inglês chamado Edward Jenner. Em 1796, ele observou que mulheres que ordenhavam vacas e contraíam a varíola bovina (cowpox) não adoeciam da varíola humana, uma doença devastadora na época. Jenner teve uma ideia ousada: inocular o material da lesão de uma ordenhadora infectada em um menino saudável. O menino não adoeceu quando exposto ao vírus mortal — e assim nascia o conceito de vacinação (do latim vacca, vaca).
Desde então, a ciência percorreu um caminho extraordinário. No século XIX, Louis Pasteur aperfeiçoou o método e criou vacinas contra raiva e antraz. No século XX, Jonas Salk e Albert Sabin transformaram o medo da poliomielite em lembrança histórica.
Hoje, com a biotecnologia e a engenharia genética, somos capazes de criar vacinas seguras e eficazes em poucos meses — como aconteceu com a COVID-19, que revolucionou o conceito de desenvolvimento rápido sem comprometer a segurança.
O papel dos laboratórios nas vacinas
Os laboratórios clínicos têm papel crucial no processo de vacinação, embora muitas vezes atuem “nos bastidores”.
Eles:
Realizam testes sorológicos para verificar imunidade pós-vacinação;
Identificam falhas imunológicas ou resposta insuficiente em grupos vulneráveis;
Acompanham a vigilância epidemiológica, analisando amostras que confirmam surtos ou novas variantes;
E ajudam a monitorar eventos adversos, com exames que avaliam inflamação, marcadores imunológicos e função orgânica.
Ou seja, por trás de cada dose aplicada, há um trabalho técnico minucioso que garante segurança, rastreabilidade e eficácia — pilares das análises clínicas e da saúde pública.
As vacinas salvaram mais vidas do que qualquer outro avanço médico da história. No entanto, mitos e desinformação ainda ameaçam a confiança pública na imunização — entenda o que é verdade e o que é mito.
✅10 Verdades sobre as Vacinas
Vamos começar pelo lado que inspira confiança: o que a ciência comprova.
1. Vacinas salvam milhões de vidas todos os anos
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as vacinas evitam entre 3 e 5 milhões de mortes por ano em todo o mundo (OMS, 2024).
2. Vacinas são seguras
Antes de serem aprovadas, passam por fases clínicas rigorosas e monitoramento contínuo após a liberação.
3. Reações leves são normais
Dor, febre baixa e fadiga indicam que o sistema imunológico está respondendo à vacina.
4. A vacinação coletiva protege quem não pode se vacinar
O conceito de imunidade de rebanho é real — quanto mais pessoas imunizadas, menor a circulação do vírus.
5. Vacinas não causam doenças
Elas usam vírus inativados, atenuados ou fragmentos não infecciosos, incapazes de causar a doença original.
6. A vacinação é uma conquista civilizatória
Doenças como varíola foram erradicadas graças à imunização global.
7. O Brasil tem um dos melhores programas do mundo
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) é referência mundial desde 1973 (Ministério da Saúde, 2024).
8. Vacinas salvam recursos públicos
Cada real investido em vacinação evita cerca de R$ 20 em custos hospitalares e afastamentos.
9. Vacinas evoluem junto com os vírus
A atualização constante, como nas vacinas da gripe e COVID-19, mantém a proteção efetiva.
10. Profissionais de saúde são os maiores defensores
A confiança nas vacinas começa com quem aplica, coleta e interpreta os resultados: biomédicos, enfermeiros, médicos e farmacêuticos.
❌10 Mentiras sobre as Vacinas (e as verdades por trás delas)
Apesar dos avanços, a desinformação ainda é um inimigo poderoso.
A seguir, desmistificamos as 10 principais fake news — explicando com base científica.
1. “Vacinas causam autismo”
Essa ideia surgiu em 1998, quando o médico britânico Andrew Wakefield publicou um estudo falso ligando a vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) ao autismo.
O artigo foi retratado, Wakefield perdeu sua licença médica, e diversos estudos internacionais confirmaram:
Não há qualquer relação entre vacinas e autismo (CDC, 2023).
2. “Vacinas têm microchips ou rastreadores”
Essa teoria ganhou força na pandemia de COVID-19.
Na realidade, o que as vacinas contêm são antígenos, adjuvantes, estabilizantes e conservantes — todos aprovados por órgãos reguladores.
Nenhum material eletrônico seria funcional em escala microscópica dentro de um líquido injetável.
3. “Quem teve COVID não precisa se vacinar”
Mesmo após a infecção, o sistema imunológico pode perder memória imunológica ao longo do tempo.
A vacina reforça e amplia a resposta, reduzindo risco de reinfecção e casos graves (Fiocruz, 2024).
4. “Vacinas são experimentais”
Todos os imunizantes passam por ensaios clínicos de fase 1, 2, 3 e monitoramento pós-comercialização (fase 4).
A rapidez no desenvolvimento das vacinas de COVID-19 se deveu a avanços tecnológicos e investimentos simultâneos, não à falta de rigor.
5. “As vacinas mudam o DNA humano”
As vacinas de RNA mensageiro (mRNA), como Pfizer e Moderna, não entram no núcleo celular e não interagem com o DNA.
Elas apenas instruem o corpo a produzir uma proteína viral inofensiva para gerar imunidade.
6. “Quem toma vacina fica doente”
Algumas vacinas podem causar sintomas leves semelhantes à doença, mas isso é resultado da resposta imune, não da infecção.
Nenhuma vacina licenciada contém vírus capazes de causar a doença em sua forma ativa.
7. “Vacinas têm metais pesados perigosos”
As vacinas modernas não usam mercúrio (timerosal) em doses perigosas e, na maioria, não contêm mais esse composto.
Quando presentes, as quantidades são ínfimas e seguras, como demonstrado por décadas de estudos toxicológicos.
8. “Vacinas enfraquecem o sistema imunológico”
O contrário é verdadeiro: elas treinam o sistema imunológico, criando memória celular.
Crianças vacinadas têm menos infecções graves e melhor resposta a doenças futuras.
9. “As farmacêuticas lucram inventando doenças”
Essa narrativa ignora a base da saúde pública: as vacinas são instrumentos de prevenção, que reduzem o consumo de medicamentos e internações.
No Brasil, a maioria das vacinas é gratuita e distribuída pelo SUS, com produção nacional pela Fiocruz e Instituto Butantan.
10. “Vacinar é uma escolha pessoal”
A vacinação é também um ato coletivo.
Ao recusar uma dose, a pessoa coloca em risco quem não pode se vacinar — como bebês, imunossuprimidos e idosos frágeis.
A saúde pública depende do senso de comunidade.
Vacinação e o papel educativo do profissional da saúde
O combate à desinformação exige escuta, empatia e conhecimento.
Profissionais da saúde devem entender as dúvidas do público e oferecer respostas claras, sem julgamento.
O biomédico, especialmente, pode atuar como ponte entre o laboratório e o cidadão, explicando a função dos anticorpos, os testes sorológicos pós-vacina e o significado de títulos protetores.
A educação em saúde é uma das formas mais poderosas de manter viva a confiança da sociedade na ciência.
O futuro das vacinas
O século XXI abriu novas fronteiras para a imunização.
Entre as principais tendências estão:
Vacinas de mRNA para outras doenças (HIV, câncer, influenza universal);
Vacinas personalizadas com base em perfis genéticos;
Adesivos ou sprays nasais que dispensam agulhas;
Vacinas termoestáveis, ideais para regiões sem cadeia de frio;
E a integração de dados laboratoriais e inteligência artificial no monitoramento de eficácia populacional.
Esses avanços indicam que o futuro da imunização será mais rápido, acessível e inteligente — e os laboratórios continuarão sendo o coração dessa revolução.
Conclusão: a ciência é o antídoto da desinformação
O Dia Nacional da Vacinação é mais do que uma data comemorativa — é um lembrete da força coletiva da humanidade.
Cada dose aplicada representa uma vitória contra séculos de sofrimento.
Mas o sucesso das vacinas não depende apenas da biotecnologia: depende também da confiança.
Em tempos de fake news, o conhecimento científico é a melhor forma de proteção.
E cada profissional de saúde, ao educar e orientar, contribui para manter viva essa conquista que transformou o curso da história.
Autor: Ariéu Azevedo Moraes - Biomédico e Fundador da Pipeta e Pesquisa
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Referências
Centers for Disease Control and Prevention (CDC) – Vaccine Safety
Ministério da Saúde – Programa Nacional de Imunizações (PNI)
Fundação Oswaldo Cruz – Vacinas e Saúde Pública
Instituto Butantan – Verdades sobre as vacinas
The Lancet – COVID-19 Vaccine Efficacy and Safety
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