Impacto Nutricional das Parasitoses: o que os exames laboratoriais revelam

As parasitoses intestinais afetam muito mais que o intestino: comprometem o estado nutricional, causam anemia e déficits de vitaminas. Descubra como os exames laboratoriais identificam e mensuram esses danos.

PARASITOLOGIAHEMATOLOGIAHORMÔNIOS E VITAMINAS

Ariéu Azevedo Moraes

8/8/20254 min ler

Criança com parasitose
Criança com parasitose

Impacto Nutricional das Parasitoses: o que os exames laboratoriais revelam

O que são parasitoses e por que afetam a nutrição

As parasitoses intestinais são infecções causadas por protozoários e helmintos que se instalam no trato digestivo, utilizando o corpo humano como hospedeiro. Embora sejam lembradas principalmente por sintomas como diarreia, dor abdominal e náuseas, seu impacto é sistêmico: elas podem provocar desnutrição, anemia ferropriva e deficiência de micronutrientes essenciais.

O prejuízo ocorre porque os parasitas interferem diretamente nos processos de digestão e absorção, além de aumentarem o gasto metabólico do organismo. O resultado é um desequilíbrio nutricional que, se não identificado e corrigido, pode trazer consequências a longo prazo.

Mecanismos que ligam parasitoses e déficit nutricional

O impacto nutricional das parasitoses acontece por diferentes mecanismos fisiopatológicos, que variam conforme a espécie do parasita e a intensidade da infecção:

  • Competição direta por nutrientes: parasitas como Giardia lamblia absorvem glicose, aminoácidos e vitaminas diretamente da dieta do hospedeiro.

  • Lesão da mucosa intestinal: a aderência e penetração de parasitas, como o Ascaris lumbricoides, reduzem a área de absorção e comprometem a captação de micronutrientes.

  • Perdas sanguíneas crônicas: helmintos hematófagos, como Ancylostoma duodenale, causam micro-hemorragias contínuas, levando à anemia ferropriva.

  • Inflamação persistente: a resposta imune prolongada consome energia e reduz as reservas nutricionais.

💡 Importante: crianças e gestantes são particularmente vulneráveis, e os danos podem afetar crescimento, desenvolvimento cognitivo e até o peso ao nascer.

Sinais clínicos de que a nutrição pode estar comprometida

Nem sempre as parasitoses apresentam sintomas específicos, mas o organismo costuma dar sinais quando há déficit nutricional:

  • Anemia persistente que não responde à suplementação de ferro;

  • Fadiga constante e queda no desempenho físico;

  • Baixo ganho de peso ou perda não intencional;

  • Diarreia frequente e sinais de má absorção;

  • Alterações estéticas como queda de cabelo, unhas quebradiças e pele ressecada;

  • Deficiências de vitaminas A, B12 e ácido fólico.

Esses sinais indicam que a infecção está ultrapassando o intestino e afetando todo o metabolismo.

Exames laboratoriais para identificar parasitoses e medir seu impacto

O diagnóstico laboratorial é a chave para confirmar a presença do parasita e avaliar o impacto nutricional. O ideal é uma abordagem integrada, que combine exames parasitológicos, hematológicos e bioquímicos.

Parasitológico de Fezes (EPF)

  • Padrão-ouro para identificar ovos, larvas e cistos de protozoários e helmintos.

  • Detecta Giardia, Entamoeba histolytica, Ascaris, Ancylostoma, entre outros.

  • Dica prática: três amostras em dias alternados aumentam a sensibilidade do teste.

Hemograma Completo

  • Detecta anemias e alterações indiretas:

    • Eosinofilia em helmintíases;

    • Microcitose e hipocromia típicas da anemia ferropriva;

    • Leucocitose leve indicativa de inflamação.

Ferritina e Ferro Sérico

  • Avaliam reservas corporais de ferro e confirmam anemia por perdas crônicas.

Vitaminas e Minerais

  • Dosagem de vitamina A, vitamina B12, ácido fólico, zinco e cálcio para detectar deficiências múltiplas associadas à má absorção.

Albumina e Proteínas Totais

  • Avaliam o estado nutricional geral e a presença de perda proteica por lesão intestinal.

O que os índices hematimétricos revelam sobre parasitoses

O hemograma oferece mais do que apenas valores de hemoglobina. A análise de índices hematimétricos pode indicar o tipo e a gravidade da anemia associada às parasitoses:

  • VCM baixo: sugere anemia microcítica (falta de ferro).

  • HCM reduzido: anemia hipocrômica.

  • RDW aumentado: anisocitose por deficiência prolongada de ferro.

📖 Dica profissional: interpretar corretamente esses índices diferencia a anemia por parasitose de outros tipos, como a anemia megaloblástica.

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Impacto nutricional em diferentes grupos populacionais

As consequências das parasitoses variam conforme o perfil do paciente:

  • Crianças: comprometimento do crescimento e déficit cognitivo;

  • Gestantes: risco de parto prematuro e baixo peso ao nascer;

  • Idosos: agravamento da fragilidade e perda de massa muscular;

  • Imunossuprimidos: infecções mais graves e prolongadas.

As parasitoses intestinais comprometem o estado nutricional ao interferir na absorção de nutrientes, causar perdas sanguíneas crônicas e aumentar a demanda metabólica do organismo. O diagnóstico integrado, que combina exame parasitológico de fezes, hemograma completo e dosagens bioquímicas, permite identificar o parasita, mensurar o déficit nutricional e orientar o tratamento de forma precisa, prevenindo complicações como anemia ferropriva e deficiências vitamínicas.

Prevenção: o melhor tratamento

Prevenir o impacto nutricional das parasitoses exige uma combinação de medidas:

  • Saneamento básico e tratamento da água;

  • Higienização correta de alimentos;

  • Vermifugação periódica em áreas de risco;

  • Educação em saúde para reforço de hábitos higiênicos;

  • Diagnóstico precoce com exames de rotina.

Conclusão

As parasitoses intestinais não devem ser vistas como infecções simples. Elas comprometem o estado nutricional e aumentam a vulnerabilidade a outras doenças. O diagnóstico laboratorial integrado — unindo parasitológico, hemograma e dosagens bioquímicas — é fundamental para confirmar a infecção, mensurar o impacto e guiar o tratamento.

Mais do que eliminar o parasita, é preciso restaurar o equilíbrio nutricional e monitorar a saúde do paciente para prevenir complicações futuras.

Texto elaborado por Biomédico Ariéu Azevedo Moraes, Especialista em Gestão Laboratorial.

Referências

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