Exame de Hemograma: o que é, como funciona e por que ele revela tanto sobre sua saúde

O que é hemograma e para que serve? Entenda como esse exame de sangue avalia glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas, e por que é fundamental no diagnóstico e na correlação clínica com doenças como a dengue.

HEMATOLOGIA

Ariéu Azevedo Moraes

1/13/20255 min ler

tubos de coleta de sangue em rack para passar em equipamento de análises clínicas
tubos de coleta de sangue em rack para passar em equipamento de análises clínicas

O hemograma é o exame de sangue que mais revela sobre o organismo — mesmo quando o paciente não sente nada


Simples, rápido e solicitado diariamente em unidades básicas, hospitais e emergências, ele funciona como um diagnóstico panorâmico do corpo, examinando glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas, cada um trazendo sinais precoces de alterações que nem sempre aparecem nos sintomas.

Os eritrócitos (glóbulos vermelhos) mostram como o oxigênio circula pelo corpo e ajudam a identificar anemias, desidratação e doenças crônicas.
Os leucócitos (glóbulos brancos) revelam se há infecções, inflamações ou distúrbios hematológicos, funcionando como sentinelas do sistema imunológico.
E as plaquetas indicam a capacidade de coagulação, apontando riscos de sangramento, inflamação viral ou até doenças autoimunes.

O hemograma é coletado por punção venosa e processado em analisadores hematológicos avançados, que entregam resultados confiáveis em minutos. Mesmo sendo um exame básico, ele é decisivo tanto nas rotinas de prevenção quanto nas emergências, ajudando a direcionar condutas médicas e a identificar rapidamente condições graves.

Neste artigo, vamos entender como interpretar cada componente do hemograma, por que esse exame é tão valioso na prática clínica e como ele se correlaciona com doenças específicas — incluindo infecções virais como a dengue, nas quais o hemograma se torna uma ferramenta crítica para avaliação de gravidade.

Componentes e Índices Avaliados no Hemograma

Para que se compreenda melhor a utilidade do hemograma, vale explorar os principais índices hematológicos analisados nesse exame.

Um dos primeiros dados observados é o hematócrito, que representa a porcentagem de glóbulos vermelhos em relação ao volume total de sangue. Ele ajuda a avaliar o estado de hidratação e o volume de células vermelhas disponíveis para o transporte de oxigênio. Já a hemoglobina — proteína presente nos glóbulos vermelhos — é essencial para a oxigenação dos tecidos. Níveis baixos de hemoglobina são um dos principais indicativos de anemia, enquanto valores muito altos podem sugerir doenças pulmonares ou cardíacas.

A contagem de leucócitos é outro ponto crucial. A elevação dessa contagem pode indicar infecções bacterianas, enquanto uma queda pode apontar infecções virais ou problemas na medula óssea. No caso das plaquetas, o hemograma pode detectar trombocitopenia (baixa contagem), que aumenta o risco de sangramentos, ou trombocitose (alta contagem), que pode aumentar o risco de trombose.

Além desses parâmetros principais, o hemograma fornece uma série de índices hematimétricos, que ajudam na investigação mais aprofundada de anemias e outras patologias:

  • VCM (Volume Corpuscular Médio): indica o tamanho médio dos glóbulos vermelhos, sendo útil para classificar anemias como microcítica, normocítica ou macrocítica.

  • HCM (Hemoglobina Corpuscular Média): informa a quantidade média de hemoglobina em cada glóbulo vermelho.

  • CHCM (Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média): reflete a concentração média de hemoglobina nos glóbulos vermelhos.

Esses índices permitem identificar padrões e traçar hipóteses diagnósticas com mais precisão, colaborando na construção de um plano terapêutico eficiente.

Hemograma na Detecção de Dengue e Infecções Virais

Além de doenças crônicas e carenciais, o hemograma é extremamente útil no contexto das infecções agudas, como a dengue. Essa doença, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, causa alterações características nos parâmetros hematológicos que ajudam no diagnóstico e no monitoramento da evolução clínica.

Uma das alterações mais marcantes nos casos de dengue é a trombocitopenia, ou seja, a queda acentuada no número de plaquetas. Isso ocorre porque o vírus da dengue afeta diretamente a produção e a sobrevivência dessas células, o que pode aumentar o risco de hemorragias. Além disso, é comum observar leucopenia (redução no número de leucócitos), um indicativo de que o sistema imunológico está sendo afetado.

Segundo o Ministério da Saúde, o hemograma deve ser solicitado com frequência durante os primeiros dias de infecção por dengue, para monitorar a progressão da doença e identificar precocemente complicações, como a dengue hemorrágica1.

O acompanhamento da evolução do hemograma ao longo dos dias permite avaliar se o paciente está melhorando ou se há sinais de agravamento. Por isso, o exame se torna uma ferramenta vital não só para diagnosticar, mas também para guiar a conduta médica, especialmente nos casos mais graves.

A Importância do Hemograma na Avaliação das Anemias

Outra aplicação extremamente relevante do hemograma é na identificação e classificação das anemias, condição caracterizada pela redução na capacidade do sangue de transportar oxigênio. Essa deficiência pode se dar por diferentes causas, como deficiência de ferro, vitaminas, doenças crônicas ou problemas na medula óssea.

O hemograma permite não apenas diagnosticar a anemia, mas também definir seu tipo e sua causa provável. Por exemplo:

  • Na anemia ferropriva, provocada por deficiência de ferro, é comum encontrar hemoglobina e hematócrito baixos, VCM reduzido e CHCM diminuído.

  • Na anemia megaloblástica, causada por deficiência de vitamina B12 ou ácido fólico, o VCM está elevado, revelando glóbulos vermelhos maiores que o normal.

  • Já na anemia aplástica, uma condição grave relacionada à falência da medula óssea, o hemograma apresenta redução acentuada em todos os tipos de células do sangue (pancitopenia).

Identificar corretamente o tipo de anemia é essencial para direcionar o tratamento. A suplementação de ferro, a reposição vitamínica ou o encaminhamento para investigação mais profunda com exames como mielograma ou biópsia de medula óssea podem ser indicados, dependendo do caso.

Finalizamos assim

O hemograma é, sem dúvidas, um exame simples em sua execução, mas complexo e poderoso em sua interpretação. Ele é uma ferramenta indispensável tanto em avaliações de rotina quanto em situações críticas, fornecendo dados fundamentais para o diagnóstico, acompanhamento e prevenção de uma série de condições de saúde. Seja para investigar um cansaço persistente, monitorar uma infecção viral ou detectar sinais de uma doença mais grave, o hemograma sempre terá um papel importante na prática clínica.

Priorizar exames regulares, como o hemograma, é um investimento em saúde preventiva. Ao entender melhor os sinais que o corpo transmite através do sangue, podemos agir com mais rapidez e eficácia, promovendo qualidade de vida e bem-estar a longo prazo.

Referências

  1. Ministério da Saúde. Dengue: diagnóstico e manejo clínico. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br

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