Vacina contra herpes-zóster no SUS: o que muda na prevenção
O Ministério da Saúde avança na incorporação da vacina contra herpes-zóster no SUS. Saiba quem será beneficiado, como funciona a vacina Shingrix e a importância dos exames laboratoriais no diagnóstico precoce e prevenção.
ATUALIDADESIMUNOLOGIA
Ariéu Azevedo Moraes
5/5/20254 min ler
Vacina contra herpes-zóster será incorporada ao SUS: entenda o que muda na prevenção
O que é o herpes-zóster e por que ele preocupa?
O herpes-zóster, conhecido popularmente como cobreiro, é causado pela reativação do vírus varicela-zóster, o mesmo da catapora. Após a infecção primária na infância, o vírus permanece dormente em gânglios nervosos e pode se reativar anos depois, especialmente em pessoas com o sistema imunológico comprometido.
A doença se manifesta com lesões dolorosas na pele, geralmente em faixa, e pode evoluir para uma condição crônica chamada neuralgia pós-herpética, que provoca dores intensas mesmo após a cicatrização das lesões.
Segundo a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), o herpes-zóster afeta cerca de 1 em cada 3 pessoas ao longo da vida, com maior incidência em idosos e imunossuprimidos. A vacinação é considerada a medida mais eficaz de prevenção.
SUS inicia processo para incorporar vacina de herpes-zóster
Em abril de 2025, o Ministério da Saúde submeteu à Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS) a proposta para incluir a vacina contra o herpes-zóster no sistema público de saúde.
Segundo o ministro Alexandre Padilha, a medida atende à necessidade de proteger a população mais vulnerável, especialmente em tempos de envelhecimento populacional.
(Fonte: Agência Brasil)
Atualmente, a vacina está disponível apenas na rede privada, com custo entre R$ 800 e R$ 1.200 por dose, valor inviável para boa parte da população. Com a aprovação, o objetivo é democratizar o acesso à prevenção por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Como funciona a vacina Shingrix?
A vacina que será incorporada ao SUS é a Shingrix, produzida pela GSK. Trata-se de uma vacina inativada recombinante, aplicada em duas doses com intervalo de 2 a 6 meses.
Ela possui eficácia superior a 90% na prevenção do herpes-zóster e de suas complicações, mesmo em pessoas com imunidade reduzida. É indicada para:
Idosos com 50 anos ou mais;
Adultos imunocomprometidos com 18 anos ou mais;
Pessoas em tratamento oncológico, transplantadas ou com doenças crônicas.
Ao contrário da antiga Zostavax (vacina de vírus atenuado), a Shingrix não contém vírus vivos, o que a torna mais segura para pacientes imunossuprimidos.
(Fonte: Câmara dos Deputados)
Exames laboratoriais no diagnóstico do herpes-zóster
Embora o diagnóstico seja geralmente clínico, com base nas características das lesões e histórico do paciente, alguns casos exigem apoio laboratorial, principalmente quando:
O quadro clínico é atípico;
O paciente está imunocomprometido;
Há suspeita de infecção disseminada.
Principais exames utilizados:
1. PCR para varicela-zóster:
Detecta o DNA viral em amostras coletadas das lesões ou do líquido cefalorraquidiano. É altamente sensível e específico, sendo padrão ouro em muitos laboratórios.
2. Sorologia (IgM e IgG):
Avalia a presença de anticorpos. A IgM indica infecção recente, enquanto a IgG sugere exposição anterior. É útil quando não há lesões visíveis.
3. Teste de Tzanck:
Embora menos utilizado atualmente, esse exame citológico pode identificar células gigantes multinucleadas em raspados das lesões.
Esses testes são realizados em laboratórios de análises clínicas e exigem profissionais da biomedicina e da imunologia clínica preparados para interpretar os resultados com precisão.
O papel da biomedicina e das análises clínicas
Com o aumento da expectativa de vida e a ampliação da vacinação, os laboratórios clínicos assumem papel central na vigilância epidemiológica e na triagem imunológica de pacientes.
Profissionais da biomedicina, farmacêuticos bioquímicos e técnicos em análises clínicas devem estar capacitados para lidar com:
Coleta e análise de amostras dermatológicas;
Interpretação de exames sorológicos e moleculares;
Apoio diagnóstico a equipes de saúde da família e hospitais públicos.
A prevenção, o diagnóstico e o acompanhamento de pacientes com herpes-zóster exigem integração entre atenção básica, unidades laboratoriais e centros de referência em infectologia.
Qual a importância da vacinação pelo SUS?
A inclusão da vacina de herpes-zóster no SUS representa um marco para a saúde pública. Além de reduzir o número de casos e complicações, contribui para:
Evitar hospitalizações e internações em idosos;
Reduzir custos com tratamentos antivirais e analgésicos;
Prevenir sequelas neurológicas como a neuralgia pós-herpética, que pode durar meses ou até anos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a vacinação contra herpes-zóster já está presente em diversos países como Canadá, Estados Unidos, Reino Unido e Japão. O Brasil, ao aderir à campanha, alinha-se às estratégias globais de enfrentamento de doenças imunopreveníveis em adultos.
Quais os próximos passos?
A proposta ainda precisa passar por consulta pública e ser avaliada pela Conitec para, só então, entrar na grade de vacinação do SUS. Caso aprovada, a expectativa é que a vacina esteja disponível nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) até o final de 2025.
Paralelamente, o fortalecimento dos exames laboratoriais e da educação em saúde serão fundamentais para garantir o sucesso da estratégia.
Conclusão
A chegada da vacina contra herpes-zóster ao SUS representa uma conquista significativa para a população brasileira. Somada ao papel dos exames laboratoriais e da biomedicina preventiva, essa medida reforça a importância da integração entre ciência, tecnologia e equidade no acesso à saúde.
Vacinar, diagnosticar e acompanhar. Esses são os pilares para uma saúde pública eficiente e centrada no paciente.
Fontes consultadas:
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