Urina escura? Cuidado! Descubra como o aspecto e coloração da urina fornecem pistas visuais para o diagnóstico
Entenda o aspecto e coloração da urina revelam informações valiosas sobre a saúde do paciente? Entenda o que cada tonalidade pode indicar e como a urinálise contribui para diagnósticos laboratoriais mais precisos.
URINÁLISECOLETA E PREPARO
Ariéu Azevedo Moraes
8/15/20255 min ler


Aspecto e coloração da urina: pistas visuais para o diagnóstico
Introdução
Você sabia que o simples aspecto e coloração da urina pode ser o primeiro sinal de alerta para doenças renais, hepáticas, metabólicas ou infecciosas? Mesmo antes da análise microscópica e bioquímica, o exame visual da urina já oferece pistas importantes sobre o estado de saúde do paciente.
No laboratório, a urinálise é um dos exames mais solicitados na rotina clínica. Rápida, econômica e altamente informativa, ela permite que profissionais identifiquem anormalidades no trato urinário e em outros sistemas do corpo.
Neste artigo, vamos explorar como a aparência e a cor da urina são interpretadas, quais condições podem estar por trás das alterações mais comuns, e como o profissional biomédico pode correlacionar essas observações com outros achados laboratoriais. Você vai entender por que esse exame é muito mais do que um “xixi no potinho”.
O que é o exame de urinálise?
A urinálise é um exame laboratorial que avalia diversos parâmetros da urina, incluindo:
Aspecto e coloração (exame físico)
pH, densidade, glicose, proteínas e outros parâmetros (exame químico)
Presença de células, cristais, bactérias, cilindros (exame microscópico)
É frequentemente utilizado para:
Avaliar função renal
Detectar infecções urinárias
Diagnosticar doenças metabólicas
Monitorar tratamentos clínicos
Acompanhar gestantes e pacientes com comorbidades
Mas tudo começa com a observação visual da urina — a primeira etapa da interpretação laboratorial.
Por que o aspecto e a coloração da urina são tão importantes?
A observação do aspecto e da cor da urina pode revelar:
Presença de sangue, cristais, gordura ou pus
Indícios de hidratação, obstrução ou inflamação
Resposta a medicamentos, alimentação ou distúrbios metabólicos
A cor normal da urina é amarelo-claro a amarelo-âmbar, dependendo da concentração de urocromo, um pigmento resultante do metabolismo da bilirrubina. Alterações de cor podem ocorrer por:
Mudanças na concentração urinária
Presença de substâncias anormais
Metabólitos de fármacos
Alimentos pigmentados
Classificações do aspecto da urina
No exame físico, o aspecto da urina é descrito com base na sua transparência:
Transparente: urina clara, sem partículas — geralmente normal.
Levemente turva: pode conter muco, células epiteliais ou pequenos cristais.
Turva: presença de leucócitos, bactérias, proteínas ou muco excessivo.
Opaca ou purulenta: indício de infecção urinária com piúria intensa.
Espumosa: pode indicar proteinúria (excesso de proteínas na urina).
Importante: turvação da urina também pode ocorrer por causas fisiológicas, como resfriamento da amostra ou jejum prolongado.
Interpretação da coloração da urina
Abaixo estão as colorações mais observadas e suas possíveis causas:
🟡 Amarelo-claro a âmbar
Normal. Varia de acordo com hidratação e concentração urinária.
⚪ Incolor ou transparente
Urina muito diluída, geralmente por ingestão excessiva de líquidos.
Pode indicar diabetes insipidus ou uso de diuréticos.
🟠 Amarelo-escuro a âmbar intenso
Urina concentrada, comum em desidratação.
Pode ocorrer em insuficiência renal aguda.
🔴 Avermelhada ou cor de “Coca-Cola”
Presença de sangue (hematúria), mioglobina ou hemoglobina livre.
Causas: infecção urinária, trauma renal, rabdomiólise, glomerulopatias.
🟠 Laranja ou alaranjada
Uso de medicamentos (ex: rifampicina, fenazopiridina).
Presença de bilirrubina (colúria) em hepatopatias.
🟢 Verde ou azulada
Causas raras, geralmente associadas a medicamentos (azul de metileno) ou pseudomonas.
⚪ Branca leitosa
Piúria intensa, linfúria ou presença de cristais de fosfato em grandes quantidades.
Casos clínicos exemplares
Caso 1 – Urina espumosa e amarelada
Paciente com diabetes tipo 2 descompensado, proteinúria de 3+ na fita. A espuma persistente indicava síndrome nefrótica em curso. O aspecto foi a primeira pista.
Caso 2 – Urina marrom escura
Paciente com dor muscular e urina “cor de Coca-Cola”. Diagnóstico confirmado de rabdomiólise, com CK > 30.000 e mioglobina urinária elevada.
Caso 3 – Urina laranja viva
Paciente em uso de fenazopiridina para tratar cistite. Sem anormalidades bioquímicas, mas com coloração chamativa. Explicação medicamentosa.
Relação com doenças sistêmicas
O aspecto e coloração da urina podem indicar doenças além do sistema urinário:
Hepatites: urina escura (colúria), com espuma amarelada ao agitar.
Doenças hematológicas: hemoglobinúria ou mioglobinúria alteram drasticamente a cor.
Hiperglicemia: urina clara, mas com odor adocicado (glicosúria + cetonúria).
Síndromes febris: urina concentrada, turva, com leucocitúria e nitrito positivo.
Fatores que interferem na coloração
Alguns fatores não patológicos também alteram a cor da urina:
Alimentos: beterraba (vermelho), aspargos (verde), cenoura (alaranjado)
Medicamentos: sulfas, nitrofurantoína, anticoagulantes, AINEs
Corantes alimentares e contraste radiológico
A anamnese do paciente é essencial para diferenciar causas fisiológicas de patologias.
Correlação com exames complementares
O exame físico deve ser sempre correlacionado com as demais fases da urinálise:
Aspecto + densidade = avaliação da concentração urinária
Cor + fita reagente = triagem de hematúria, proteinúria, bilirrubinúria
Cor turva + leucócitos = sugestão de infecção urinária
Urina espumosa + proteinúria = investigação renal
Além disso, pode ser necessário correlacionar com exames como:
Creatinina sérica e ureia
Albumina urinária e relação ACR
Exames de função hepática (TGO, TGP, bilirrubinas)
EAS + urocultura em casos infecciosos
Boas práticas para coleta e análise
Para garantir a confiabilidade dos resultados em exames de urina, alguns cuidados simples fazem toda a diferença.
Solicite sempre a primeira urina da manhã, pois ela apresenta maior concentração e menor interferência de fatores externos. A coleta deve ser feita em frasco limpo, preferencialmente estéril, com tampa bem vedada, evitando contaminações que possam comprometer a análise.
Evite enviar amostras obtidas após atividade física intensa, jejum prolongado ou uso de suplementos, pois esses fatores podem alterar características físico-químicas da urina. Além disso, a análise laboratorial deve ser realizada até duas horas após a coleta, para evitar alterações físicas e garantir a integridade da amostra.
Conclusão
Observar o aspecto e coloração da urina é um dos passos mais antigos, porém ainda fundamentais da prática diagnóstica. O laboratório moderno não pode negligenciar o exame visual, pois ele oferece informações clínicas valiosas antes mesmo da fita ou do microscópio.
Treinar o olhar crítico da equipe, correlacionar com exames bioquímicos e sempre considerar o contexto clínico do paciente são atitudes que elevam a qualidade diagnóstica e aproximam o laboratório da decisão médica eficaz.
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Texto elaborado por Biomédico Ariéu Azevedo Moraes, especialista em Gestão Laboratorial.
Referências:
A coloração da urina varia conforme a hidratação, alimentação, uso de medicamentos e presença de doenças. Normalmente, varia do amarelo pálido ao âmbar, com pigmento chamado ureocromo Verywell Health.
Clear ou incolor pode indicar hidratação excessiva ou até condições como diabetes insipidus.
Urina amarelo‑escura ou âmbar intenso sugere desidratação ou urina concentrada.
Urina esverdeada ou azulada pode ser causada por pigmentos alimentares, medicamentos ou infecção por Pseudomonas AAFP+6Healthline+6Health+6.
Urina laranja, muitas vezes, é resultado de desidratação ou associação com o uso de vitaminas (como vitamina B) e medicamentos como sulfassalazina ou fenazopiridina Medical News Today+2Healthline+2.
Urina avermelhada ou aspecto tipo "Coca‑Cola" pode indicar presença de sangue (hematúria), mioglobina ou hemoglobina, além de certos alimentos como beterraba ou medicamentos.
Urina marrom escura pode ser sinal de colúria (bile na urina) em hepatopatias ou rabdomiólise, além de problemas renais sérios.
Urina turva ou leitosa pode refletir infecção urinária, piúria (pus na urina) ou presença de fosfatos em amostras alcalinas AAFPCanadian Cancer Society.
As observações visuais da urina permanecem parte essencial da urinálise, que inclui exame físico, químico e microscópico Healthline+15Verywell Health+15AAFP+15.
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